São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996
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ONU pede menos carros

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

Relatório divulgado hoje na Habitat 2 propõe aos governos um elenco de alternativas para tentar diminuir o problema de trânsito. O texto exibe experiências bem-sucedidas.
"As experiências disponíveis em outros países mostram que é difícil, mas possível descongestionar o trânsito", disse à Folha Wally N'Dow, o secretário-geral da conferência.
O documento elenca uma série de sugestões, baseadas em um esforço para limitar a circulação de carros particulares.
Entre elas estão a instalação de pedágios nos pontos mais congestionados e o aumento do imposto para uso do carro.
Deveria ser estimulado o uso de bicicletas, com criação de ciclovias, e o incentivo para as caminhadas.
Essas limitações partem do pressuposto de que as cidades melhorariam o sistema público de transportes.
Uma das idéias são microônibus equipados com ar-condicionado, com poucas paradas, alternativa para a classe média.
O relatório alerta que o crescimento de veículos é maior do que a capacidade de as cidades abrirem ruas, construírem pontes ou viadutos. A frota mundial é hoje estimada em 600 milhões de veículos. Em 1980, havia 414 milhões e em 1970, 243 milhões.
O impacto é maior em países de Terceiro Mundo, com escassez de verbas para alterar a infra-estrutura das cidades em ritmo adequado.
Os EUA estão em primeiro lugar: para cada mil habitantes, há 588 carros. No Brasil, a proporção, segundo dados de 91, é de 83 carros por mil habitantes.
A Habitat considera que, além de deficiente, o sistema de transporte público, criou a "cultura do automóvel"", que foi transformado em um símbolo de status. Essa cultura seria, entretanto, reversível.
A redução do trânsito teve um efeito na taxa de mortalidade nas cidades que melhoraram o tráfego: as estatísticas mostraram menos pessoas morrendo por causa de atropelamentos ou choques.
Segundo o relatório, ocorrem, por ano, no mundo, 900 mil mortes relacionadas a carros. Esse número não é encontrado nem na somatória de todos os conflitos armados.

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