São Paulo, sexta-feira, 7 de junho de 1996 |
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Inadimplência se estabiliza, mas é alta
FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
A opinião é de Manoel de Oliveira Franco, presidente da Acrefi, associação que reúne 72 financeiras, de pequeno, médio e grande porte. "Os níveis atuais de inadimplência são a nova regra do jogo. A partir de agora esse é o patamar normal e as empresas vão ter de se adaptar a ele." A mudança do patamar histórico, diz Franco, é resultado da combinação de taxas de juros altas, entre 6% e 9% ao mês, e inflação mensal de 1,5%. Além disso, o que agrava o quadro é o aumento do desemprego. Para Fábio João Zogbi, diretor financeiro do Banco de Crédito de São Paulo, a inadimplência está estabilizada num patamar alto e deve continuar assim. "Os números de hoje são melhores do que há um ano." Ele lembra, por exemplo, que a inadimplência no financiamento de veículos em maio do ano passado era de 2,5%; no material de construção e no crédito pessoal, de 5%; e no de vestuário, de 19%. Esses números caíram neste ano para 1,5%, 3% e 10,5%. respectivamente. Cecília Adelino Pinto, gerente executiva de crédito direto ao consumidor do Banco Panamericano, também acredita que o consumidor vai continuar dando o calote. "O desemprego é muito grande. Infelizmente acredito que a inadimplência vai continuar subindo. Vamos tentar ser mais cautelosos na hora de liberar o crédito." Contraponto "O consumidor está tentando reabilitar o crédito para voltar a comprar a prazo com mais cuidado", diz Celso Mennicillo, diretor da Credial, do Banco Pecúnia. Para ele, o crediário mais longo e a queda das taxas de juros vão contribuir para a queda no atraso do pagamento das prestações. "O consumidor que atrasou as dívidas no passado está agora bem mais cauteloso. Vai comprar a prazo mas com cuidado." Nilton Volpi, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviço (Abecs), diz que a tendência da inadimplência nos cartões de crédito é de queda. Isso porque o governo permitiu o refinanciamento das dívidas, hoje limitado a 50% do valor. Se esse percentual for reduzido para 20%, explica Volpi, o consumidor vai ter a chance de esticar ainda mais o prazo de financiamento da dívida e a inadimplência deve recuar. Hoje o pagamento das faturas atrasadas a acima de 60 dias é de 2% do total do contas a receber das administradoras. O recorde foi batido em agosto de 1995, com 5,5%. A média histórica de inadimplência do setor é de 1%. (FF e MCh) Texto Anterior: Dólar ultrapassa 109 ienes em Tóquio Próximo Texto: Consumidor coloca em dia carnês em atraso Índice |
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