São Paulo, sexta-feira, 7 de junho de 1996
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Ficcus faz da polenta sua maior atração

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando um dono de restaurante se cansa, mas quer ficar na área, pensa em abrir um bar. Mas dificilmente um dono de bar deseja abrir um restaurante, empreitada mais delicada. Foi no entanto o que resolveu, um ano atrás, o proprietário do Ficcus, Max Abdo.
O bar Ficcus, homenagem à árvore homônima em frente, surgiu há cinco anos. Dos fundadores, resta o único dono de hoje, Abdo.
Depois de um ano viajando, ele voltou disposto a reformar o bar e lhe dar um caráter mais, digamos, gastronômico: no lugar de salgadinhos, um cardápio mais elaborado e generoso. Para isso, chamou a consultora Beatriz Macedo.
O Ficcus está mais arejado, colorido e coroado por um acolhedor "cigar-room" para fumadores de charuto e até de cigarro. As mesas de madeira e mármore emolduram pratos de cozinha variada, que começam nos sanduíches e, agora no frio, deságuam nas sopas.
É uma sopa, aliás, uma das mais interessantes inovações do cardápio: ela é feita de maçã e erva-doce, adicionada de vinho do Porto e compensada em sua doçura por pedacinhos de bacon crocante.
Os pratos passam por sugestões como o risoto de pato com ameixa, onde a liga do arroz é prejudicada pelo tamanho imenso e pela quantidade dos outros dois ingredientes; salmão grelhado com molho de açafrão; steak tartar fortemente condimentado; e filé com molho de mostarda (de Dijon).
Mas a maior atração da casa é o ragu com polenta, servido na pedra de mármore: polenta cremosa e leve, como leito para o molho lentamente cozido, de carne delicadamente desfiada. É o melhor indício das possibilidades abertas com os novos caminhos trilhados pelo Ficcus.

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