São Paulo, sexta-feira, 7 de junho de 1996 |
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Camboja apura suposta morte de Pol Pot
JAIME SPITZCOVSKY
Líder do movimento Khmer Vermelho, Pol Pot não aparece em público desde que seu regime foi derrubado por uma invasão vietnamita, em dezembro de 1978. Sua guerrilha ainda controla áreas próximas à Tailândia. Pol Pot está doente, com malária, mas seu estado não é grave, apurou a agência de notícias "Reuter" junto ao serviço de inteligência militar tailandês. "Mas nós ouvimos dizer que ele estava muito doente e queremos saber se ele morreu", declarou Heng Hak, porta-voz do Ministério do Interior do Camboja. O governo cambojano recebeu um relatório sobre a morte de Pol Pot "por malária e hipertensão". Se Pol Pot realmente morreu, isso significa que o Camboja está livre do seu "mais terrível criminoso", disse o rei cambojano, Norodom Sihanouk, que está em tratamento médico em Pequim. "Depois da morte de Pol Pot, as gangues armadas do Khmer Vermelho vão provavelmente se dividir em pequenos grupos de bandidos, sem ideologia ou liderança." A agência de notícias russa "Itar-Tass" afirmou ter recebido em Hanói, capital do Vietnã, relato de um representante não-identificado do Khmer Vermelho sobre a morte de Pol Pot. O enterro seria realizado na base de Phnom Malai, perto da fronteira com a Tailândia. Há também versões conflitantes sobre a idade dele: 68 ou 71. Desde a queda de seu governo, Pol Pot comanda a guerrilha. Raramente passa duas noites no mesmo local, com medo de atentados. Um jipe branco, de fabricação japonesa e com ar condicionado, se transformou em seu escritório. Quatro guarda-costas o protegem. Pol Pot chegou ao poder em 1975 e, para implantar suas teorias de comunismo "radical para os camponeses", criou os "campos da morte". A coletivização forçada da agricultura teria matado até 3 milhões de pessoas. O Vietnã, comunista pró-URSS, derrubou o regime do Khmer Vermelho com a invasão de dezembro de 1978. O regime de Pol Pot desafiava Moscou e se aproximava da China. Com apoio chinês e tailandês, o Khmer Vermelho combateu o governo imposto pelo Vietnã. Em 1991, o movimento guerrilheiro, sem apoio externo, resolveu assinar um tratado de paz. Mas, dois anos depois, rejeitou as eleições patrocinadas pela ONU e voltou a atacar o governo, uma coalizão de monarquistas e ex-comunistas. Texto Anterior: Jornalista da 'New Yorker' não indenizará psicanalista Próximo Texto: Ex-ditador estudou na França e teve apoio dos EUA Índice |
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