São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996
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Evite naufragar no mar da informação

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma edição do "New York Times" de um dia útil contém mais informações do que todas as informações a que uma pessoa que viveu na Inglaterra no século 17 poderia ter acesso durante toda a sua vida.
Uma edição de domingo do "New York Times" pesa, em média, cinco quilos e contém mais de 10 milhões de palavras. Lendo 18 horas por dia, a uma velocidade de 500 palavras por minuto, uma pessoa levaria 18 dias para ler tudo. Quando tivesse terminado, duas outras edições de domingo do jornal já estariam à sua espera.
Esses dois exemplos são usados pelos especialistas em marketing Jack Trout e Steve Rivkin, ambos americanos, no seu livro "O Novo Posicionamento - A Última Palavra sobre Estratégia de Negócios no Mundo", para demonstrar as pressões sobre os consumidores criadas pelo acesso mais fácil e mais barato às informações.
Trout é um dos mais famosos consultores de marketing do mundo, tendo escrito há 15 anos um livro -best seller em 19 línguas- em que explora o conceito de posicionamento, de como as empresas devem decidir qual é o foco central do seu negócio e concentrar suas forças nesse ponto.
No seu novo livro, escrito com a ajuda de Steve Rivkin, Trout considera que hoje, com o aumento dramático no volume e nas fontes de informações, é preciso, mais do que nunca, que as empresas encontrem seu nicho de mercado e apostem tudo nele.
Grupos que perderam seu foco de negócios acabaram se dando mal -pelo menos temporariamente, até que buscaram um reposicionamento de mercado.
Um caso clássico seria o da General Motors, que, ainda nos anos 20, posicionou suas cinco principais marcas, com preços, características e alvos de mercado bem definidos. E obteve enorme sucesso nas décadas seguintes, quando chegou a dominar 50% do mercado americano de automóveis.
Depois, a GM acabou perdendo esse poder de focalizar seus produtos, e hoje seus automóveis disputam mercado entre si. O resultado: na última década, a General Motors perdeu 11 pontos percentuais do mercado americano.
Manual
Com dezenas de exemplos de casos reais, interessantes, de como empresas enfrentaram problemas para descobrir como se posicionar em seus mercados, o livro de Trout é de leitura fácil, bem prático, com propostas que soam, às vezes, até óbvias.
No capítulo 15, os autores tratam, por exemplo, da escolha de um nome para a empresa ou um dos seus produtos.
O livro se torna, então, quase um manual. Chega a ser didático nas sugestões de como se deve proceder para encontrar a marca certa para um produto.
Além disso, como outros livros de negócios, a nova publicação da Makron deve despertar a curiosidade de muitos empresários e executivos.
Qual deles não se interessa em saber como grupos conhecidos mundialmente encararam dificuldades de marketing que boa parte das empresas enfrenta com frequência?

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