São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996
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Déficit argentino ameaça metas do FMI

DANIEL BRAMATTI

DANIEL BRAMATTI; DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

Governo terá de obter superávit recorde neste mês para cumprir objetivos estabelecidos com a entidade

A Argentina teve um déficit fiscal de US$ 754 milhões em maio, o que representa um aumento de cerca de 50% em relação ao mesmo mês de 1995.
Para cumprir a meta pactuada com o FMI (Fundo Monetário Internacional) no segundo trimestre (déficit máximo de US$ 347 milhões), o governo terá de obter um superávit recorde em junho, superior a US$ 700 milhões.
Neste mês a arrecadação será maior, pois vence o pagamento dos impostos de renda e de bens pessoais -este deve ser pago por todos os contribuintes cujas propriedades superem o valor de US$ 100 mil.
Ainda assim, o mercado vê com descrença a possibilidade de que a meta possa ser alcançada. O economista Miguel Angel Broda, que edita a publicação "Carta Econômica", prevê um superávit de apenas US$ 269 milhões.
A alta sonegação de impostos é um problema crônico na Argentina. Para fechar o cerco sobre os maus pagadores, o governo decidiu criar um Certificado de Boa Conduta Fiscal.
O documento será exigido em operações comerciais envolvendo imóveis, automóveis e passagens aéreas, entre outras.
O presidente Carlos Menem também pediu ao Congresso a aprovação de uma lei para conseguir "mandar à prisão" todos os sonegadores.
Além da baixa arrecadação, outro grande responsável pelo déficit é o rombo nas contas da Previdência Social. Em maio, o Tesouro teve de transferir US$ 580 milhões para o sistema de seguridade.
A arrecadação da previdência pública tem diminuído por causa da transferência de trabalhadores para fundos de pensão privados.
Visita de Cavallo
O regime automotivo brasileiro e a importação de produtos têxteis dos sócios do Mercosul (Mercado Comum do Sul) devem ser tratados com prioridade durante a visita do ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo, ao Brasil.
Cavallo estará em Brasília nos próximos dias 11 e 12 de junho. Segundo a Embaixada da Argentina, a visita se deve às recentes mudanças nas equipes econômicas de seu país e do Brasil.
Segundo a Folha apurou, Cavallo pretende reforçar as pressões para que o Brasil volte atrás na decisão de reduzir o prazo de financiamento da importação de têxteis de 180 para 30 dias.
O Brasil não considera essa medida como restrição ao comércio bilateral e não se mostrou sensível às pressões feitas pelo chanceler argentino, Guido Di Tella, em maio. O ministro argentino se encontrará com seus colegas Francisco Dornelles (Indústria, Comércio e Turismo) e Antonio Kandir (Planejamento).

Colaborou DENISE CHRISPIM MARIN, da Sucursal de Brasília

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