São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996 |
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Palmeiras contra Flamengo já tem resultado
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Jogador por jogador, ambos têm craques, embora o time de São Paulo leve vantagem, especialmente no meio-campo: Amaral, Flávio, Rivaldo e Djalminha superam claramente Márcio, Mancuso, Marques e Nélio. Não é, de qualquer forma, a qualidade individual dos jogadores o fator decisivo do confronto. A cristalina e indiscutível superioridade do Palmeiras está no desenho tático. Enquanto o verdão do titã Branco Mello vai a campo com uma proposta de jogo clara, ofensiva, móvel, veloz, o Flamengo do paralama Herbert Vianna contenta-se com um esquema sovina, de equipes sem ambições, que nada tem a ver com sua escola de futebol. Jogadores, dirigentes e jornalistas vivem a mencionar o "azar" ou as "falhas individuais" que têm levado o Flamengo a sofrer gols nos minutos finais de diversas partidas. Mas não apontam o principal culpado desses "azares": o esquema de Joel Santana. O Flamengo entra em campo rezando para Romário ou Sávio, seus dois craques, fazerem um gol. Uma vez feito, ao contrário do Palmeiras e sem a astúcia do Grêmio, o time recua seus volantes para a linha da área, põe o promissor Iranildo em campo e ativa a armadilha do contra-ataque. Armadilha de duplo sentido: tanto pode pegar o adversário quanto permitir que o sufoco e a pressão acabem em gol -o que acontece assiduamente. Não é por acaso que os rubro-negros vivem a empatar jogos que deveriam ganhar. O clube da Gávea parece passar por uma profunda crise de identidade. A venda de jogadores como Zinho, Jorginho e Aldair aliada à desmontagem da geração de Marcelinho, Djalminha e Júnior Baiano interrompeu a correia de transmissão entre o time de cima e o de baixo. O clube que vinha sendo, nos últimos anos, talvez a maior fábrica de talentos do país, ficou sem um elo na corrente. E teve que partir para comprar. Trouxe um monte de gente, mas não conseguiu criar um time que possa se chamar "do Flamengo". Ou seja, uma equipe capaz de tocar a bola rapidamente, de jogar com os laterais indo ao fundo em ultrapassagens, de pressionar e impor seu ritmo ao som do samba das arquibancadas. Carlinhos, em 90, com menos nomes famosos, ganhou o Brasileiro jogando como aprendeu e ensinou na Gávea. Joel, até aqui, tenta impor um padrão que não tem precedente na fina tradição flamenguista. Às vezes brilhantemente, às vezes muito mal, o fato é que o rubro-negro sempre uniu técnica e vontade, sempre procurou o jogo, a pressão, o toque de bola paciente e bonito. Nunca jogou encolhido para sair em disparada, salvo em situações específicas. Joel é um homem que conhece o futebol, um técnico que perde pouco -embora empate muito. Pode até ser campeão. Mas não serão campeonatos na base do sufoco e do contra-ataque, com gols de barriga, que encherão os olhos das arquibancadas. Hoje, excepcionalmente, não publicamos a coluna de Matinas Suzuki Jr. Texto Anterior: Inglaterra é 'pressão total' em sua estréia Próximo Texto: Caça e caçador Índice |
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