São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996
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Caça e caçador

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Em algumas categorias, como o Internacional de Turismo, quem vence corre com lastro nas provas seguintes. Um modo de dar equilíbrio à disputa.
Na F-1, onde tudo é mais sofisticado, resolveram dar um lastro natural a Michael Schumacher: a Ferrari.
O peso era tamanho no início da temporada que nem o piloto nem a escuderia consideravam a hipótese de lutar pelo título ainda neste ano.
Mas, de repente, aos 40min do primeiro tempo, quando ninguém esperava, Schumacher faz gol de placa. Susto?
Sim. Assusta Hill, a Williams, e todos que não apostaram no alemão no início do campeonato -leia-se, a própria F-1.
Já contando com o início de desespero do adversário, Schumacher utiliza a mídia para pôr lenha na fogueira. E decreta: "O campeonato está aberto".
Esperto, coloca Villeneuve contra Hill, dizendo que o canadense deve roubar pontos preciosos do rival inglês -óbvio, o filho vai querer vencer no circuito que leva o nome do pai, no próximo domingo.
Mais: já faz a Renault, temerosa com os progressos do V10 italiano e o da concorrente direta Peugeot, acelerar seu programa. Resultado: três motores quebrados desde Mônaco.
No campo doméstico, aposta todas suas fichas no tal bico alto, renegado por John Barnard.
Schumacher não abre a boca para falar bobagem. Assim sendo, a nova configuração do F310 deve suplantar o concorde futurista do projetista inglês.
Parece saber que a chance do carro vermelho está na traseira, aliviada com o câmbio miniaturizado. E que na frente, a receita comum deve ser mantida.
Como o próprio alemão disse, as etapas do Canadá e da França serão fundamentais para a definição deste Mundial.
Uma grande oportunidade de ver o bicampeão exercendo seu melhor papel, o de caçador.
Equilíbrio? Só quando aparecer alguém que o torne caça.

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