São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996
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SBT diz que TV paga não é ameaça

Redes não esperam queda de receita

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O SBT, segunda maior rede de televisão do país, não acredita que as TVs pagas venham a ameaçar o domínio de audiência e o faturamento das TVs abertas no Brasil.
Um estudo interno da emissora, assinado pelo vice-presidente do grupo, Guilherme Stoliar, prevê que no ano 2000 as TVs abertas -de recepção gratuita- ainda concentrarão 95% da receita publicitária do mercado de televisão.
O estudo também questiona as previsões sobre a evolução da TV paga no país. Na visão do SBT, as TVs pagas chegarão ao ano 2000 com 4,5 milhões de assinantes, ou seja, 1,5 milhão a menos do que as projeções feitas pela Net e pela TVA e 2,4 milhões a menos do que o previsto pela HBO Brasil.
Para o SBT, os números previstos pelas operadoras são "muito ousados" para a realidade brasileira, porque 54% das residências com aparelho de televisão estão nas classes D e E.
Segundo o estudo, o Brasil possui cerca de 31 milhões de domicílios com TV. As classes A e B representam 20% deste universo (6,3 milhões de domicílios), mas respondem por por 64% do consumo do país.
As classes D e E (16,6 milhões de famílias), na visão do SBT, não têm "a menor chance" de assinarem TV paga, porque a assinatura mensal do serviço comprometeria 27,6% do consumo domiciliar da classe D e 55,2% da classe E.
O principal critério usado pelas operadoras é a relação entre lares com TV e assinantes de TV paga.
Nos EUA (onde as TVs a cabo começaram a ser instaladas há 25 anos), 65% das residências com televisão assinam canais pagos. Na Argentina, que tem TV a cabo há 20 anos, a proporção é de 47,5%.
Como o serviço surgiu no Brasil há apenas cinco anos e só chegou a 3,1% dos lares com TV, a HBO prevê que o índice de penetração chegará a 20% no ano 2000, o que significa 6,9 milhões de assinantes.
Para o SBT, as TVs pagas não vão roubar o público das abertas, como ocorreu nos Estados Unidos, onde as três maiores redes de televisão (ABC, NBC e CBS) daquele país perderam 12% de audiência para as TVs a cabo, de 1985 a 90.
No entendimento do SBT, as emissoras americanas perderam mercado porque tinham programação ruim e ficaram " deitadas em berço esplêndido", enquanto os "ratinhos" comiam queijo na sala de visitas.
Para Stoliar, o quadro é diferente no Brasil:"Temos uma TV de primeiro mundo e estamos investindo cada vez mais no negócio".
A direção da emissora também é em relação à divisão da verba publicitária e alega que nos EUA as TVs pagas ficam com apenas 10% do bolo, porque têm uma audiência extremamente fragmentada.
Na visão de Stoliar, o negócio da TV paga é a venda de assinatura e não a receita publicitária. Diz que se as operadoras alcançarem os 6 milhões de assinantes que prevêem, terão quase R$ 3 bilhões por ano, ou seja, 50% mais do que a publicidade de televisão no ano passado (R$ 2 bilhões).
Enfim, o SBT não acredita em guerra entre TVs pagas e abertas e definiu que seu alvo estratégico é continuar brigando com a Globo pela publicidade.
No ano passado, a Globo ficou com 75% do bolo (R$ 1,5 bilhão) e o SBT com apenas 15% (R$ 300 milhões).

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