São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996 |
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Cartéis passam a agir perto da fronteira
SERGIO TORRES
A pressão de organismos estrangeiros e do governo dos EUA sobre os cartéis colombianos resultaram, no início desta década, em uma desarticulação momentânea dos esquemas de venda e transporte da droga até a Europa e os EUA. Com a morte do traficante Pablo Escobar, líder máximo do cartel de Medellín, as quadrilhas colombianas teriam decidido transferir suas refinarias para países produtores. A decisão dos líderes dos cartéis de Medellín e Cali de tirar do país o refino e o início da rota de exportação da cocaína foi identificada em investigações da DEA e do FBI (a polícia federal dos EUA). O resultado das investigações foi repassado ao Departamento de Polícia Federal, em Brasília. Os EUA mantêm profissionais da DEA e do FBI lotados nas embaixadas e consulados dos países da América do Sul. Sua tarefa é investigar o tráfico e trabalhar em parceria com as polícias nacionais. "Corredor" Na rearticulação dos cartéis, os agentes dizem que a escolha dos traficantes foi antecedida de um estudo das condições de trabalho. Ao optar pela atuação nesses territórios, os colombianos aproximaram a produção do refino e fortificaram a imagem do Brasil como país "corredor" do tráfico. Até o final da década de 80, Bolívia e Peru produziam as folhas de coca, que eram transformadas em pasta-base. Essa pasta seguia para a Colômbia, onde era refinada até a obtenção da cocaína em pó. Com as refinarias da Colômbia fechadas, o beneficiamento passou a ocorrer nas florestas da Bolívia e do Peru, perto das plantações. A proximidade do Brasil -as florestas bolivianas e peruanas se misturam à Amazônia brasileira- deu aos cartéis colombianos vantagens na missão de enviar a droga para a Europa e os EUA. Além de fabricar éter e acetona, produtos usados no refino da cocaína, o Brasil tem estradas, infra-estrutura de comunicações, amplo sistema financeiro e fronteira vasta e despoliciada. (ST) Texto Anterior: Cheques superam os da capital Próximo Texto: Fronteira não tem vigilância Índice |
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