São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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País, despreparado, ganha cabelos brancos

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil está envelhecendo. As atuais 7,5 milhões de pessoas com mais de 65 anos devem dobrar em menos de 20 anos.
Os brasileiros da terceira idade serão 8,6 milhões no ano 2000 e representarão 5,2% da população. É a faixa etária que cresce com maior velocidade: 260 mil por ano.
Ao mesmo tempo, a infra-estrutura necessária para essa população não está sendo criada na mesma velocidade. De 1994 para 1995 caiu o número de leitos hospitalares, de 508.704 para 503.461.
A questão dos leitos está diretamente ligada à faixa etária da população. Dados do Censo de 91 relativos ao Rio de Janeiro mostram que os idosos, apesar de representarem só 5,9% da população, são vítimas de 32% dos casos de deficiência visual, 30% dos casos de paralisia de um lado do corpo, 29% dos de surdez e 28% dos de paraplegia.
O próprio Ministério da Saúde admite que não está preparado para atender a tantos idosos.
Segundo o geriatra Jorge Silvestre, coordenador do Programa de Saúde do Idoso, é preciso melhorar a qualidade do atendimento, não só aumentar o número de leitos destinado a pacientes "sem possibilidade terapêutica" (classificação que inclui os idosos).
"É difícil aumentar o número de leitos para idosos porque eles custam mais e dão mais trabalho. Nenhum hospital quer recebê-los."
"A sociedade brasileira demorou muito para perceber que o país estava envelhecendo e agora não está preparada para receber a enxurrada de velhos", afirma o psiquiatra Renato Veras, coordenador da Universidade Aberta da Terceira Idade da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Ele afirma que faltam médicos, enfermeiros, arquitetos e advogados preparados para atender aos idosos.
"A mudança do perfil etário da sociedade brasileira é inexorável. O Brasil é hoje um país jovem de cabelos brancos."

LEIA MAIS sobre os idosos da pág. 2 a 7

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