São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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"Diagnóstico não é científico"

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O diagnóstico de epilepsia condutopática criado pelo psiquiatra Guido Palomba não tem nenhuma base científica, pois liga a epilepsia aos comportamentos agressivos dos psicopatas. É o que afirma o psiquiatra Renato Luiz Marchetti, do Instituto Psiquiátrico do HC (Hospital das Clínicas).
Epilepsia condutopática é o diagnóstico de vários criminosos descritos por Palomba no livro. "Dessa forma, Palomba só contribui para estigmatizar os epiléticos, que já enfrentam preconceitos na sociedade", diz Marchetti.
Para ele, uma minoria de epiléticos pode ter comportamento violento, mas o tratamento é fácil.
Na maioria das vezes, segundo Marchetti, as pessoas apontadas por Palomba como portadoras de "epilepsia condutopática" têm, na verdade, transtornos de personalidade anti-social (psicopatia).
"Quando relaciono um tipo raro de epilepsia com casos de violência, não quero estigmatizar ninguém. Qualquer um pode verificar sintomas de epilepsia nesses pacientes", diz Palomba.
Segundo ele, a epilepsia condutopática na classificação internacional das doenças equivale à síndrome de personalidade da epilepsia límbica.
O psiquiatra Rubens de Campos Filho, do Centro de Pesquisas e Estudos Karl Kleist chama esses casos de "linhagem epileptóide". "Essas pessoas não tem epilepsia, mas alguns sintomas. Associada ao consumo de drogas, podem ter comportamentos violentos."
(MG)

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