São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Empresária vence desconfiança do setor

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas décadas de 70 e 80, centenas de empresas foram fundadas no Brasil para atuar na área de informática. Calcula-se que apenas duas ou três em cada grupo de cem sobreviveram.
A NetSys foi uma delas. Além dos percalços das companhias do setor, teve uma dificuldade adicional -foi criada e é dirigida por uma mulher, Denise Damiani, 36.
Em outros segmentos da economia, empresárias são encaradas com naturalidade. No setor de informática, a desconfiança é maior.
Ainda há muita gente que considera atributos masculinos o desenvolvimento tecnológico e a preocupação com inovação, duas características do mercado.
A própria Denise conta que algumas vezes foi tratada por novos clientes como se fosse a secretária da NetSys, não a dona e principal executiva. Até hoje, o diretor de uma empresa, sua cliente, se recusa a receber mulheres para tratar de negócios.
O fato de ser mulher acabou, porém, ajudando Denise, acredita ela. Desde que começou a trabalhar, ainda estudante, teve que se empenhar mais do que os outros funcionários. É a essa força de vontade que ela atribui o sucesso.
Descendente de italianos, Denise começou a trabalhar muito cedo. Primeiro, dando aulas particulares para crianças da vizinhança. Não porque sua família precisasse da ajuda, mas porque acreditava que deveria depender menos do pai para poder tocar seus projetos.
Logo que entrou na faculdade, começou a trabalhar em centros de processamento de dados. No início, chegou a usar as roupas e os sapatos de salto alto da mãe, porque era muito jovem e queria parecer mais velha em equipes de trabalho que reuniam só homens.
Formou sua empresa inicialmente apenas para prestar serviços de informática para grandes grupos, especialmente na área financeira. Hoje, a companhia também desenvolve softwares que são vendidos aos consumidores finais até em redes de supermercados.
Ela é a única dona da empresa. Oferece participação nos lucros para os funcionários que ocupam cargos de chefia, mas acha que seria complicado encontrar um sócio. Admite que é centralizadora.

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