São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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SINAL AMARELO

Na semana passada surgiram fatos novos nos três principais centros econômicos do planeta. Se o conjunto dos indicadores pudesse ser resumidos para os brasileiros, a mensagem seria: muito cuidado.
Nos Estados Unidos, as taxas de juros dos títulos de 30 anos do Tesouro ultrapassaram a marca dos 7%. Foi a reação dos mercados às notícias de vigor na criação de empregos. A alta dos juros dificulta a vida de países, como o Brasil, que dependem de um fluxo de capitais externos para financiarem suas estabilizações.
No Japão, o índice "Tankan" confirmou que há expectativas cada vez mais fortes de recuperação econômica. Novamente, a notícia é boa vista do ângulo da produção e dos investimentos, mas também lá se teme uma alta dos juros nos próximos meses.
Ou seja, o vigor das economias dos EUA e do Japão é uma boa notícia para eles, mas os mecanismos financeiros de transmissão de ansiedades convertem a boa notícia nos países ricos em sinal de alerta para as economias em desenvolvimento, em especial as da América Latina.
Finalmente, na Europa, houve uma rodada de cortes de taxas de juros, liderada pelo Reino Unido. Seria uma boa notícia, não estivesse o velho continente tão próximo da estagnação, com níveis recordes de desemprego. Nesse caso a redução de juros é quase uma tentativa desesperada de reativação. No primeiro trimestre a Alemanha encolheu 0,5%.
Enquanto isso, os mercados de commodities também passam por momento delicado. A volta do petróleo iraquiano deve deprimir os preços. O mercado de cobre entrou num parafuso especulativo. E os grãos pararam de subir com a normalização das condições climáticas nos EUA. São notícias boas para quem consome intensivamente esses insumos, mas também preocupantes para exportadores de cobre, como o Chile, ou de grãos, como o Brasil.
Seja lá o que for ou seja qual for o ritmo da globalização, o momento é sobretudo de atenção.

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