São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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SBT não adere às miniparabólicas

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), segunda maior rede de televisão do país, não vai permitir que sua programação seja transmitida pelos sistemas de miniparabólicas dos grupos Globo e Abril.
As miniparabólicas (novíssimo sistema de TV paga via satélite) começarão a ser comercializadas no Brasil no final deste mês, com o lançamento do DirecTV, da Abril. O da Globo está previsto para o final de agosto ou setembro.
A decisão do SBT, segundo o vice-presidente da empresa, Guilherme Stoliar, visa preservar as 84 emissoras regionais afiliadas do grupo.
O raciocínio é simples: como os satélites têm cobertura nacional, as miniparabólicas, em todo o país, iriam captar a programação gerada pelo SBT em São Paulo.
Com isso, os mercados regionais seriam invadidos pela programação nacional, afetando a receita publicitária e a programação local gerada pelas afiliadas.
Até agora, as TVs pagas não tinham provocado conflito de interesses com as chamadas TVs abertas (captadas gratuitamente) porque os sistemas existentes também são regionais.
As TVs pagas por cabo funcionam com concessões por município e, em alguns casos, por bairros. Como elas são obrigadas a transmitir a programação local das TVs abertas, não há conflito de interesses entre os sistemas.
Pelo contrário, segundo informações do mercado, a TV Globo e o SBT estão entre os canais de maior audiência das redes de TV a cabo.
Nas TVs pagas com transmissão direta de satélite, não há esta convergência de interesses.
Nos Estados Unidos, os sistemas de miniparabólicas (que têm 2 milhões de assinantes) são proibidos de transmitir a programação das TVs abertas. Elas só podem fazê-lo em caso extremo, para atender regiões onde os sinais não chegam por ar nem por cabo.
O conflito de interesses entre as TVs pagas via satélite e as TVs abertas e suas redes de afiliadas é um problema também para as Organizações Globo.
A Folha apurou que a Globo está buscando uma forma de resolver este conflito e que entre as soluções cogitadas está a criação de um canal com programação ligeiramente modificada para sua TV paga via satélite.
Deste modo, quando as afiliadas estivessem transmitindo sua programação local, o canal da Globo transmitido pelas miniparabólicas ofereceria um programa diferente, que não concorresse com o noticiário regional.
O mesmo aconteceria com os horários destinados à publicidade local das afiliadas.
A direção do SBT avalia que as TVs pagas não ameaçam o domínio dos sistemas de transmissão aberta no Brasil e toma como referência o que aconteceu no mercado americano.
As redes de TV paga por cabo nos Estados Unidos contam com 63 milhões assinantes e, ainda assim, as TVs abertas ficam com 85% da receita publicitária. O motivo está na grande segmentação de canais das TVs pagas.
Stoliar diz que o principal desafio do SBT não é o de enfrentar a concorrência das TVs pagas, mas o de aumentar sua fatia no bolo publicitário destinado à televisão aberta no Brasil.
Segundo Stoliar, o mercado de televisão gerou R$ 2 bilhões de receita publicitária no ano passado, dos quais R$ 1,5 bilhão ficou com a Rede Globo e R$ 300 milhões com o SBT. Não há dados sobre a receita publicitária das TVs pagas no Brasil.

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