São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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Ataques a Serra marcam festa de Pitta

CARLOS EDUARDO ALVES

CARLOS EDUARDO ALVES; ANDRÉ LAHÓZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Maluf afirma que tucanos tiveram de usar algemas para ex-ministro aceitar candidatura em São Paulo

O prefeito Paulo Maluf transformou a convenção paulistana conjunta de ontem de seu PPB e do coligado PFL em evento contra a candidatura de José Serra à prefeitura da cidade.
Na festa que oficializou a candidatura do discípulo Celso Pitta (PPB), Maluf preferiu atacar Serra, mesmo que em algumas vezes não tenha citado o nome do ex-ministro do Planejamento. "Como pode se apresentar ao povo alguém que acabou com todas as obras sociais do governo federal?"
Na sequência de petardos ao tucano, Maluf afirmou que Serra "confessou" ser o idealizador do desemprego atual. "Se ele afirma que criou o seguro-desemprego para amparar 4,5 milhões de trabalhadores é porque já pensava em demitir esse pessoal", acha.
O ataque a Serra é prioridade no atual estágio da campanha malufista. Até a entrada do tucano no páreo sucessório, o prefeito trabalhava com a certeza de que Pitta disputaria o segundo turno da eleição contra Luiza Erundina (PT).
A aposta na presença de Erundina na rodada final permanece, mas os estrategistas malufistas avaliam agora que, para chegar ao segundo turno, Pitta terá de derrubar o favoritismo do candidato tucano.
Enfrentando a concorrência tucana na área de captação do apoio empresarial, Maluf juntou as críticas ao desemprego ao aval do setor financeiro a Serra. "Não somos a chapa do desemprego, da que tem ajuda dos banqueiros", disparou.
Maluf começou também a investir em outra linha contra Serra: uma suposta falta de vontade do ex-ministro de concorrer.
"Tiveram de algemar o Serra e enfiaram a candidatura goela abaixo", disse, acrescentando uma pitada de maldade: "Li nos jornais que a área econômica brindou a saída do Serra do ministério".
Outros candidatos
Para os outros candidatos, Maluf reservou farpas menores. Minimizou a chance de vitória de Erundina devido à alta taxa de rejeição da candidata (41% segundo a última pesquisa do Datafolha).
Sobre Francisco Rossi (PDT), Maluf optou por um ataque geográfico. Indagado sobre a intenção de Rossi de comandar uma auditoria na prefeitura, caso seja eleito, Maluf irritou-se: "Ele mora em Osasco e talvez por isso não saiba que as contas são auditadas diariamente e têm aprovação do Tribunal de Contas do Município".
Serra
Serra, em campanha em São Paulo, preferiu não responder diretamente às acusações de Maluf. Se limitou a dizer que agradece a propaganda dos adversários, mas que não vai debater com "patrocinadores de candidatos".
A única crítica que respondeu foi sobre o desemprego. O candidato afirmou ser o autor de duas leis sobre o assunto -uma delas a que cria o seguro-desemprego, usada por Maluf em suas críticas.
PC do B Ontem, o PC do B confirmou, em convenção, a coligação com o PT de Erundina em São Paulo.

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