São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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País depende de telefone para crescer

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

A "distância morreu" e o Brasil está ficando para traz, ameaçado de perder empregos. Essa é a conclusão que se extrai de relatório oficial, ao analisar o impacto urbano das novas tecnologias.
O nível de vida de uma cidade e sua capacidade de atrair empregos depende cada vez mais de seu sistema de telecomunicação -esse é um dos grandes defeitos das cidades brasileiros, com sua escassez de linhas telefônicas.
O impacto das novas tecnologias de informação vai ser debatido hoje, no Habitat 2, por especialistas em urbanismo e telecomunicação.
O relatório ressalta que as cidades do terceiro Mundo já estão tirando proveito da descentralização provocada pelos novas tecnologias -em especial, cidades onde existem uma mão-de-obra barata e sofisticada que fale inglês.
É o caso de Bangalore, na Índia, hoje o segundo maior exportador de software do mundo; lá, os técnicos são tão bons ou melhores do que os americanos, mas custam um quinto do preço.
Cidades como Bangalore se adaptam mais rapidamente aos novos tempos do que o seu próprio país. É o que se vê em várias cidades americanas, que viram cidades ligadas ao países do Pacífico e Canadá -como Seattle, hoje um dos centros de maior prosperidade dos Estados Unidos. Lá é a terra da microsoft, de Bill Gates.
Com o barateamento do custo de comunicação -a Internet sai pelo preço de uma ligação local-, as empresas da área de serviço não precisam concentrar todas as suas atividades numa mesma cidade.
"Pode existir, agora, uma completa separação entre a concepção, produção e controle de um produto", afirma o texto.
Uma empresa baseada em Nova York encomenda o desenho de um produto em Milão, um banco de Tóquio financia, a publicidade é realizada por uma agência de Londres, a fábrica fica na China e a empresa que promove a estratégia das vendas, na Austrália.
Na busca de competitividade, as empresas são estimuladas pela mão-de-obra barata até para as tarefas mais simples, comenta o relatório. Exemplo: segurança.
Um determinado prédio dos Estados Unidos ou Europa, todo equipado com câmaras, é guardado por alguém que mora na Jamaica; se houver algo estranho, essa pessoa aciona o alarme.

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