São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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Compras a prazo escondem juros altos

DANIELA FERNANDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os consumidores estão aproveitando os prazos maiores dos crediários para efetuar compras. Mas, apesar de as vendas a prazo terem aumentado 40% no último mês, quem utiliza essa forma de pagamento, em geral, sai perdendo.
Os juros altos encarecem o preço final do produto -para financiamentos mais longos eles são, em média, de 7% ao mês (veja quadro ao lado).
Com os preços estáveis -e inflação em torno de 1,55%-, o ideal é poupar e comprar à vista, aconselha o Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor).
"É preciso calcular bem se vale a pena abrir um crediário ou financiamento. O consumidor não deve se iludir com prestações baixas. Prazos mais longos incluem juros ainda maiores", afirma Dinah Barreto, supervisora da área de assuntos financeiros do Procon.
A dica não está sendo seguida por muitos consumidores. O número de consultas recebidas pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em maio, aumentou 39,9% em relação ao mesmo período de 95. Em relação a abril, o aumento foi de 24%.
Yolanda Macieira Moisés, empregada doméstica, comprou um fogão e um forno microondas pelo crediário. Os produtos, que estavam em promoção, custavam R$ 800 à vista.
Ela pagou R$ 200, de entrada, e terá pela frente mais seis prestações de R$ 167, totalizando R$ 1.202.
"Não sei qual é a taxa de juros e quanto vou economizar. Apenas levo em consideração o valor da prestação que posso pagar."
Sem juros
O consumidor também não deve confiar nas propostas de pagamento em três vezes sem juros, avisa o Procon.
"Isso é uma balela. Os juros estão embutidos no preço que é dado à vista", diz Dinah.
Os contratos de financiamento devem ser lidos com cuidado. Uma artista plástica, que prefere não se identificar, financiou R$ 15 mil em 24 meses, para comprar um veículo.
O contrato foi firmado antes do Plano Real. Segundo Wilson Ferreira da Silva, advogado da artista, o banco -mesmo após a mudança da moeda- continuou a corrigir as prestações de acordo com as antigas taxas de inflação.
Ela parou de pagar, por achar os valores elevados. Ela diz que já havia pago R$ 22 mil (12 prestações) e que o banco cobrava ainda R$ 34 mil. "Meu erro foi o de não ler atentamente o contrato."
O advogado diz que, após acordo com o banco, ela devolveu o carro e o débito restante foi anulado.

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