São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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Governo prende manifestantes

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

O que deveria ser um debate diplomático sobre o direito à moradia em todos os países do mundo está se transformando numa briga internacional sobre os direitos humanos na Turquia.
Pelo menos uma pessoa estrangeira -uma mulher norueguesa- estava entre os 1.500 detidos anteontem no centro de Istambul numa manifestação contra o governo, promovida por sindicalistas e mães de "desaparecidos".
Nita Kapoor, da Norwegian People's Aid, uma ONG norueguesa, foi solta duas horas após ser levada a uma delegacia, ainda anteontem.
Dois jornalistas estrangeiros -uma dinamarquesa e um correspondente da agência espanhola "EFE"- foram agredidos por policiais durante a manifestação.
Ontem, 311 pessoas continuavam detidas. O governo turco só informou que a manifestação foi interrompida pela polícia porque estava sendo realizada sem permissão oficial. O secretário-geral da Habitat 2, Wally N'Dow, evitou se manifestar (veja texto ao lado).
"O foco principal da conferência está sendo desviado. Não gosto disso", disse ontem à Folha o dinamarquês Jan Birket-Smith, diretor do Fórum das ONGs, o encontro paralelo à Habitat 2 que reúne mais de 7.000 pessoas de 2.200 organizações internacionais.
"Ninguém veio a Istambul para se opor às autoridades turcas ou com o objetivo principal de protestar contra as condições de vida na Turquia. Mas o governo está provocando as ONGs desde o início, nos obrigando a mudar a orientação das nossas conversas."
Manifestação
Para protestar contra as prisões de anteontem, 570 organizações presentes ao Fórum das ONGs divulgaram ontem um abaixo-assinado, no qual pedem ao governo turco a libertação de todos os detidos e o respeito ao que está estabelecido no texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O ato de ontem ocorreu longe dos olhos da polícia, em um jardim interno da universidade onde está se realizando o fórum. Os manifestantes usavam tarjas negras ao redor do braço e na boca.

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