São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996 |
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Dupla quer desafiar "Pagodebrás"
XICO SÁ
Com levadas que passam pelo samba-de-roda e batucadas desinibidas de samba-de-quadra, a dupla carioca mostra que valeu a pena migrar do grupo "Fundo de Quintal" para o primeiro disco. As palhetas de Arlindo Cruz (no banjo) e Sombrinha (cavaco) ensaiam um certo massacre da serra elétrica do morro. É uma bofetada na "Pagodebrás", a indústria da nova safra de pagodeiros. O disco junta o lirismo pueril ("Somos o que se encaixa/caçamba e corda/cacique e cocar") e a rajada de malandragem à moda Bezerra da Silva ("Vacilou não sobe mais/o morro do Juramento"). Não falta é o elogio à malandragem. A faixa "Filho do Quitandeiro" narra a saga de um don Juan que "compra" almas femininas graças a uma promoção: moça bonita paga meia na sua quitanda. "Cobra a metade do preço/ mamão, melancia, laranja e maçã", celebra o batuque-salada. Na retaguarda, Arlindo & Sombrinha reforçam o disco com um time de compositores que reúne Candeia, Beto Sem Braço e Ivone Lara, entre outros bambas. Apenas quando namora o samba mais romântico, como na música "Quem Sabe de Mim Sou Eu", a dupla cai um pouco de produção. A formação de todo o elenco do disco, tanto da dupla como da maioria dos compositores, é ligada às quadras de escolas de samba e aos botequins ainda com cheiro da velha guarda do batuque no Rio. Esse know-how faz a diferença entre Arlindo & Sombrinha e o formigueiro de cantores de pagode que a indústria fabrica todo dia. Disco: Da Música Gravadora: Velas Preço médio: R$ 20 Texto Anterior: Bares têm 'jam session' de sambistas Próximo Texto: Pagode radiofônico perde para raiz Índice |
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