São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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Nobel da Paz desafia lei contra oposição

Governo birmanês impede atos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, 50, desobedeceu uma nova lei que proibia manifestações contra o governo militar, decretada na sexta-feira. Ontem, Suu Kyi voltou a fazer um de seus discursos habituais de fim-de-semana diante de sua casa na capital, Yangon, em Myanma (ex-Birmânia).
Suu Kyi, premiada com o Nobel da Paz de 1991 por promover a luta não-violenta pela democracia, foi condenada a seis anos de prisão domiciliar e foi libertada em julho do ano passado. Desde então, lidera semanalmente manifestações de oposição ao regime militar diante de sua casa.
Em seu discurso de anteontem, a líder da oposição disse que "com a cooperação do povo, tudo que estamos fazendo será bem-sucedido. Sairemos vitoriosos". O discurso de ontem reuniu 10 mil pessoas.
Em seus discursos semanais, Suu Kyi reafirma que não deseja confrontos com o governo, mas exige a abertura de negociações para o estabelecimento de reformas políticas no país.
Os chefes de governo de Myanma recusam o pedido de diálogo e, desde maio, intensificaram as pressões sobre Suu Kyi e seu partido, a Liga Nacional pela Democracia.
No mês passado, 262 oposicionistas foram presos durante a realização de um congresso em que se celebrou o sexto aniversário das eleições parlamentares ganhas pela oposição em 1990 e nunca aceitas pelo governo militar birmanês. A lei decretada na sexta foi uma reação direta ao plano da Liga Nacional pela Democracia de redigir uma Constituição alternativa à que está sendo preparada pelos dirigentes militares.
Conforme a nova lei, qualquer Constituição alternativa será considerada ilegal, os responsáveis serão punidos com 20 anos de prisão e qualquer partido que desobedecer o governo será banido.
Ontem, a situação na capital era calma e não havia sinais de distúrbios na avenida da Universidade, onde se localiza a casa de Suu Kyi.

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