São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 1996
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Cama de Gato enfrenta os bolerões

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM ARUBA

O show do cantor e "salsero" porto-riquenho Rey Ruiz encerrou, já na madrugada de ontem, o 9º Jazz & Ritmo Festival, realizado na ilha caribenha de Aruba.
As noites de sábado e domingo foram reveladoras de um evento que, apesar de já ter nascido híbrido, parece tender lentamente ao abandono de um de seus ingredientes principais: o jazz.
Única atração brasileira no festival, a banda carioca Cama de Gato enfrentou uma verdadeira prova-de-fogo, no sábado. Foi escalada para tocar entre as duas atrações mais populares e dançantes da noite: a banda local OREO e a cantora porto-riquenha La India, que nada têm a ver com jazz.
Apesar da sensação de anticlímax, o jazz à brasileira agradou parte do público. Em temas mais rítmicos, como "Maracatu" e o frevo "Amendoim Torrado", os fãs até arriscaram passos de dança.
No entanto, era evidente que a grande maioria daquelas 2.000 pessoas estava ali para ouvir os bolerões -disfarçados de salsa e literalmente berrados- da cafonérrima La India. Ou, mais ainda, os ritmos pop-caribenhos da OREO.
Maior sucesso de público em todo o festival, a banda de Aruba destaca o cantor e compositor Claudius Philips, que tem tudo para se tornar uma espécie de herói nacional muito em breve.
Carismático, o criador de hits locais -como "Happy Hour" e "Sigi Sigi", cantados no idioma oficial de Aruba, o papiamento- transformou seu show em um grande baile, com direito a coreografias e vocais coletivos.
Já o trompetista Chuck Mangione -suposto superstar da noite de encerramento- mostrou que só regrediu depois de sua última passagem pelo Brasil, dez anos atrás.
Hoje, usa teclados para disfarçar a dificuldade de manter o som original de seu trompete. E continua vivendo da nostalgia dos velhos tempos, ou melhor, os anos 70.

O jornalista CARLOS CALADO viajou a convite da Air Aruba e da Aruba Tourism Authority.

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