São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996
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Vicente Saez busca pura dança

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O coreógrafo espanhol Vicente Saez, 34 anos, afirma que a pureza do movimento é a principal característica de sua dança. "Não faço dança teatral, tampouco psicológica", ele diz.
tração do Carlton Dance Festival, Saez e seu grupo apresentam a coreografia "Regina Mater" na sexta-feira no Teatro Sérgio Cardoso de São Paulo, dividindo o espetáculo com a companhia Scapino Rotterdam, da Holanda.
"Estou em busca de uma dança pura, abstrata, gerada a partir da energia interior de cada bailarino", diz o coreógrafo, que no espetáculo "Regina Mater" contrapõe os temas de vida e morte.
"Regina Mater é o símbolo criador da deusa mãe. Através dela, exploro arquétipos semelhantes de culturas ancestrais, como as deusas Kali da Índia, Ísis do Egito, Demeter da Grécia e a Virgem Maria, da cultura ocidental."
Dançada em silêncio ou ao som do "Réquiem", de Mozart, "Regina Mater" fala da morte como um signo de transformação em vida. A evolução através de rupturas com coisas ultrapassadas.
"A mãe é o maior símbolo de amor incondicional. Quando gera um filho sabe que ele vai morrer, porém ela aposta na vida."
Saez reconhece influências orientais em seu trabalho. "Nasci no sul da Espanha, onde há um grande cruzamento de culturas, entre elas a árabe. Em meus últimos trabalhos tenho aprofundado estas raízes, inclusive o que se refere ao flamenco e à arte hindu."
Mas, destas culturas e manifestações Saez procura captar somente ritmos e energias. "Minha inspiração sempre vem da introspecção. No momento em que escuto meu ser interior começa a brotar a semente do que quero expressar. Só depois se inicia o processo de busca de conceitos."
Com seu elenco de oito bailarinos, Saez procede da mesma forma. "Eles nunca trabalham personagens teatrais, mas qualidades energéticas e reflexos interiores, capazes de serem transmitidos através do movimento."
Nascido na cidade de Elche, Saez estudou no Instituto de Teatro de Barcelona. Em meados dos anos 80 começou a coreografar, explorando uma estética minimalista, baseada em movimentos reduzidos.
Em 1988, integrou a companhia de Anne Theresa de Keersmaeker, outra representante da vanguarda belga.
(AFP)

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