São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996
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Internet acaba com a privacidade

LESLIE MILLER
DO "USA TODAY"

Quando as pessoas navegam pela Internet, geralmente pensam que ninguém sabe onde vão e o que fazem. Mas estão enganadas.
O ciberespaço está repleto de milhares de olhos eletrônicos que observam cada movimento seu e acompanham de onde você é, para onde você vai e quanto tempo fica.
Outros computadores podem registrar cada clique de seu mouse e recolher seus "resíduos eletrônicos" para uso futuro de pessoas e empresas que criam programas para a World Wide Web, fazem marketing de produtos na rede e outras coisas.
Robert Ellis Smith, que, como editor do "Privacy Journal", vem acompanhando questões relativas à privacidade há 20 anos, diz que, até poucos meses atrás, "mesmo usuários muito sofisticados não percebiam que essas informações eram rastreadas".
Aviso on line
Mas cada vez mais defensores da causa dos consumidores estão avisando os usuários on line -especialmente os que começaram recentemente- que o ciberespaço não é espaço tão particular quanto parece.
"Queremos esclarecer o público sobre o que acontece lá fora e as poucas proteções hoje existentes", diz Janlori Goldman, do Centro de Democracia e Tecnologia, que está lançando um site (http://www.cdt.org/privacy/) que demonstra explicitamente as preocupações do grupo.
Quando um visitante consulta a página, ele vê um olho que o observa desde a tela e uma mensagem mostrando as informações já coletadas: o endereço de correio eletrônico e talvez o nome real do usuário (alguns endereços de correio eletrônico o incluem), localização geográfica, tipo de computador e software de navegação na Web que estão sendo usados.
"Durante muitos anos, o enfoque principal da questão da privacidade era o governo federal, mas o problema está se deslocando cada vez mais para o setor privado", diz David Sobel, do Centro de Informações Sobre Privacidade Eletrônica (http://epic.org), que monitora e defende processos judiciais sobre privacidade em tecnologias emergentes.
A Comissão Federal do Comércio está examinando essas questões, e seu Birô de Proteção ao Consumidor está promovendo uma reunião pública para tratar de questões de privacidade dos consumidores colocadas pelo mercado on line emergente.
As empresas concordam que a privacidade é importante, mas acham que ela não deve ser a única preocupação.
A America Online e a CompuServe rastreiam seus usuários, mas dizem que só fornecem dados pessoais por ordem judicial. As informações seriam usadas internamente para adequar seu conteúdo aos interesses de cada usuário.
Programa de privacidade
O "Anonymizer" (http://www. anonymizer.com) é um inovador programa de privacidade on line, criado porque "hoje em dia, na Internet, as pessoas podem descobrir quem você é".
Quem explica é Sameer Parekh, 21, de Berkeley, o jovem empresário de informática da Community ConneXions que acaba de lançar um "teste mundial".
O "Anonymizer" é bloqueador de Bina para a Internet. (Bina é um aparelho que identifica o número do telefone de quem liga para você). Quando um navegador consulta a página, o "Anonymizer" pega a página e a manda de volta a você. É uma proteção contra a descoberta de endereços de correio eletrônico e outros dados.

Tradução de Clara Allain.

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