São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 1996
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PFL faz cartilha contra demagogia

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL finaliza a elaboração de cartilha de combate ao "populismo, clientelismo, demagogia e messianismo" para orientar os candidatos do partido que disputam as eleições municipais.
Segundo o esboço do documento, apresentado ontem à cúpula do partido pelo deputado João Mellão (PFL-SP), os candidatos devem evitar o chamado "Pamg".
A sigla é formada pelas primeiras letras das palavras "prometer", "acusar", "mentir" e "gritar".
"Não há dúvida de que, utilizada em palanque, a fórmula 'Pamg' possui alguma serventia para exaltar e inflamar as massas", diz a cartilha, que será distribuída aos candidatos a partir de julho.
O PSDB também criou uma cartilha, só que com sugestões a para defesa do emprego.
A tentativa do PFL de modernizar o seu discurso faz parte de esforço para ampliar seu poder, hoje concentrado na região Nordeste, para os Estados do Sul e do Sudeste brasileiros.
O texto ensina que "palavras sinceras, lastreadas em argumentos convincentes, causam menos impacto imediato, mas podem ser decisivas na escolha final".
O partido reconhece que "populismo, clientelismo, demagogia, messianismo e promessas inexequíveis" fazem parte dos "usos e costumes" da política brasileira.
"E, temos de admitir, ainda possuem alguma eficácia, principalmente no trato com as camadas populares menos esclarecidas."
Segundo o documento, "quanto mais cresce a capacidade de discernimento do povo, mais inócuos, obsoletos e até ridículos se tornam os apelos demagógicos, as promessas impossíveis e as práticas clientelistas".
A cartilha, cujo título é "A Política como Deve Ser Feita", começa com uma citação atribuída ao pensador florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527).
"Os povos que perdem a liberdade pela força, pela força lograrão reconquistá-la. Mas os povos que a perdem por descaso, estes mui dificilmente a recuperarão."
Com base na citação, o texto diz que a morte das "sociedades livres" tem início quando os cidadãos começam a contestar a legitimidade dos seus representantes.

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