São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 1996 |
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Nenhuma culpa
NELSON DE SÁ
O dia em que o shopping center de Osasco anunciou na Globo ter recebido a fiscalização e a aprovação da Cetesb poucas horas antes do desabamento -o que a Cetesb, prontamente, negou. O dia, também, em que um diretor de associação dos shoppings foi ouvido no rádio dizendo tratar-se de uma catástrofe, de uma fatalidade diante da qual não cabe responsabilidade -em especial do shopping. O dia, também, em que o representante da construtora, outra candidata a responsável pela tragédia -e pela indenização- disse ter entregue a obra em plenas condições de segurança. O dia, também, em que um candidato a vereador em São Paulo, um espalhafatoso ex-diretor do Contru, apareceu no Aqui Agora acusando a todos e mais uns poucos -o que é certeza de impunidade. - Revolta no enterro das vítimas. Familiares vão à Justiça contra os responsáveis pela explosão no shopping. Peritos recolhem amostras de gás para investigar a causa da tragédia. A construtora se isenta alegando que o projeto e o prédio foram aprovados pelas autoridades. O "laudo técnico" sai em 30 dias. "Vamos torcer para que ele seja conclusivo", afirmou um diretor do instituto dos advogados, "um laudo que aponte os causadores". Não vai ser, apontar, nada. * Um dia depois do "horror", o país e a televisão voltaram à novela cotidiana. Brasília, o Palácio do Planalto, o Congresso. Fernando Henrique fez um discurso de "cobrança" dos parlamentares, avisando quem votar contra o imposto da saúde que vai ter que explicar depois. Ele próprio, de tantas idas e vindas em relação ao imposto, dá o exemplo e garante a sua explicação no discurso veemente, na conversa. A novela cotidiana sempre traz uma boa cena, superficial que seja. A de ontem foi o desabafo de Luís Eduardo Magalhães. Ele não aguenta "mais ser babá dos deputados", que só aparecem para votar quando ele telefona. Texto Anterior: Buaiz não sobe a palanque petista Próximo Texto: TSE libera autoridades em palanque Índice |
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