São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 1996
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Investigação aponta para negligência

DA REPORTAGEM LOCAL

As investigações das causas da explosão no Osasco Plaza Shopping (Grande São Paulo), que anteontem matou 37 pessoas e feriu mais de 400, apontam até agora para a negligência.
Vistoria feito pelo shopping uma hora e meia antes da explosão não teria constatado vazamento de gás, e a obra não teria sido feito de acordo com o projeto original.
Peritos do Instituto de Criminalística e técnicos da Cetesb, que trabalham no local à procura das causas, afirmam que o mais provável é que a explosão tenha sido causada pelo vazamento de GLP (gás de cozinha).
A administração do shopping afirma ter feito uma vistoria no sistema de distribuição de gás uma hora e meia antes da explosão e não constatado nenhum problema, apesar de lojistas terem reclamado do forte cheiro de gás.
Segundo Ismael Menezes, assessor de imprensa do shopping, um técnico da Cetesb acompanhou o vistoria. A Cetesb nega e afirma que não foi acionada e que não faz esse tipo de vistoria. "Essa declaração é tola e abusiva", afirma Randau Marques, gerente de comunicação da Cetesb.
O vazamento do gás teria acontecido no subterrâneo do shopping. Construído em forma de caixas, o subsolo tinha de 20 centímetros a um metro e meio de altura. Nesse espaço, teria acontecido o acúmulo de gás que provocou a explosão.
Ontem foi encontrada uma tubulação de cerca de seis metros de comprimento no subsolo do shopping. A tubulação seria usada para transportar o gás.
Até o começo da manhã de ontem, a direção do Osasco Plaza negava a existência de qualquer tubulação subterrânea (leia abaixo).
O perito Osvaldo Negrini Neto, do Instituto de Criminalística, afirma que as obras do shopping não seguiram o projeto original, apresentado à prefeitura. Segundo ele, o vão e as tubulações sob o shopping não constavam do projeto.
Lázaro Sanseverino Filho, advogado da construtora Wysling Gomes, responsável pela obra, afirmou que toda a obra foi feita seguindo-se as plantas aprovadas pela prefeitura de Osasco (leia texto nesta página).
Um grupo de técnicos da Cetesb (Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental) se uniu aos peritos do IC para tentar obter amostras do gás que ainda estaria acumulado em alguns pontos do subsolo.
"Os bombeiros detectaram anteontem uma pequena concentração de gás", afirmou o perito Ronaldo Egydio dos Santos, chefe dos peritos do IC de Osasco.
Os peritos também irão analisar o terreno do shopping, mas acreditam ser muito difícil a explosão ter sido causada pelo acúmulo de gás metano no subsolo. O metano é formado no solo a partir da decomposição de matéria orgânica.
Outro exame que será feito é o da estrutura do prédio. "Iremos verificar todas as possibilidades para o acidente", afirmou o delegado Roberto Luiz Ayres, diretor do IC.

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