São Paulo, quinta-feira, 13 de junho de 1996
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EFEITO ASPIRADOR

Os mercados financeiros globais voltam a viver dias de ansiedade e preocupação. A angústia tende a ser grande nos mercados emergentes e maior ainda nas economias latino-americanas. As taxas de juros americanas não param de subir nos últimos dias e já começam a arranhar a confiança em alguns mercados.
Ontem, na Argentina, já se comentava que os juros nos títulos de 30 anos do Tesouro americano acima dos 7%, seu nível mais alto em um ano, podem dar margem ao que estão chamando de "efeito aspirador". No caso, as taxas de juros altas lá fora funcionam como um poderoso aspirador de capitais.
A ansiedade não passará até que o Fed (banco central americano) decida o que fazer com as taxas de juros. Os índices de inflação, o principal indicador observado pelos mercados, estão calmos ou, pelo menos, dentro das expectativas. Mas os dados de emprego e nível de atividade continuam bastante vigorosos. Para os especuladores, isso significa que a inflação poderá aumentar nas próximas semanas ou meses. Antecipam-se, exigindo juros mais elevados nos títulos de longo prazo.
Naturalmente não há um consenso absoluto no mercado. Há quem duvide de uma sinalização de alta de juros pelo Fed. Por enquanto, entretanto, prevalece o medo de mais inflação no futuro. Na semana passada o Banco da Inglaterra, seguido pela França e Dinamarca, reduziu as suas taxas de juros. Esperava-se que a União Européia tivesse a capacidade de reagir e compensar o nervosismo nos mercados norte-americanos.
Numa demonstração de que Wall Street ainda é mais determinante que a City, nos dias que se seguiram à redução dos juros europeus acabou prevalecendo o cenário sombrio.
Para o Brasil, são notícias ruins num momento que já não é muito favorável, depois das invectivas de Rudiger Dornbusch. O "efeito aspirador" será provavelmente mais seletivo, pois hoje há relativamente mais informação disponível sobre os vários mercados emergentes.
De todo modo, se houver uma piora na situação, será difícil evitar que os papéis dos emergentes sejam afetados pelo mercado financeiro global. Cuidado, o aspirador está ligado.

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