São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Economista aponta 'ciclo clássico'

ANDRÉ LAHÓZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O ambiente econômico nas eleições municipais deste ano será muito mais favorável do que o atual. A opinião é unânime entre economistas ouvidos pela Folha.
"Esse é o ciclo clássico, no Brasil ou em qualquer outro lugar: solta-se o consumo em ano eleitoral. Não é investimento, é consumo mesmo", afirma a deputada Maria da Conceição Tavares (PT-RJ).
A deputada lembra que o mesmo já havia ocorrido no Cruzado (1986) e com o Real (1994).
"Trata-se de uma coincidência fabricada entre nível de atividade e eleições", afirma Paulo Nogueira Batista Jr., professor de Economia da FGV.
Para ele, há motivos econômicos, como inflação baixa e desemprego alto, para que o governo estimule a economia. "Mas é claro que a decisão política conta."
Para Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda do governo Sarney, no fim do ano o país estará crescendo a uma taxa de 5%, superior à atual. "A coincidência é muito favorável para o governo: a atividade crescerá e a inflação deve cair nas eleições."
Álvaro Zini, professor da Faculdade de Economia da USP, concorda. "São visíveis os sinais de reativação econômica", diz.
Para Zini, o governo exagerou na desaceleração da atividade no início de 95. "Agora, é natural que a economia reaja, pois o governo está reduzindo os juros e anunciando corte de gastos, que reduzem o déficit público."
Nenhum dos economistas afirma que 1997 será necessariamente um ano de ajuste, no qual a atividade voltará a ter desaceleração.
"Não dá para saber", afirma Conceição. "É preciso olhar para a balança comercial. Se os déficits vierem e forem altos, o miniciclo de consumo será abortado."
Batista acha que o governo está promovendo o crescimento sem corrigir o câmbio. "Isso trará problemas no setor externo e na balança comercial."

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