São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Família da 38ª vítima faz acusações contra médicos

DA REPORTAGEM LOCAL

Maria José Cavalcanti, 35, a 38ª vítima da tragédia de Osasco, morreu na madrugada de ontem no hospital das Damas. A família acusa os médicos de negligência.
Segundo a Defesa Civil Estadual, o total de feridos chegou a 472. Desses, 70 ainda estão internados -16 em estado grave.
Maria Cavalcanti foi uma das primeiras feridas a receber atendimento. Levada ao hospital das Damas, os médicos constataram fraturas na perna e no calcanhar esquerdos. Fizeram, então, uma tração -estiramento do osso em uma armação de metal.
Maria ficou internada na enfermaria do hospital e conversou com familiares após a internação. "Ela sentia muita dor, mas estava lúcida", disse o irmão José Moura, 37.
Ele disse que Maria ficou na enfermaria por 24 horas recebendo apenas analgésicos. "Fizeram uma chapa da perna, mas nem se preocuparam com possíveis pancadas na cabeça", afirmou.
Moura disse que a família queria transferir Maria para outro hospital. Segundo ele, os médicos disseram que não havia necessidade e que ela estava fora de perigo.
Tranquilizado, José foi para casa descansar. Às 20h de quarta-feira, no entanto, recebeu um telefonema no hospital. "Falaram que Maria piorou e que estava na UTI."
Os familiares passaram a noite na porta do hospital e ontem, às 4h45, ela morreu.
O corpo foi levado ao IML de Osasco e submetido a uma autópsia. O laudo do legista João de Souza Filho, 50, indicava morte decorrente de choque séptico (infecção generalizada), causado por um trauma ósseo-muscular. "Ainda não é possível afirmar se houve erro médico", disse o legista.
Como a família de Maria já manifestou interesse em abrir inquérito policial para averiguar uma possível negligência, Souza deve ser chamado para depor. "Tenho que saber o que foi feito no para tirar as conclusões", disse ele.

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