São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Prefeitura intima empreiteira a resolver vazamento de gás

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fiscais da Prefeitura de São Paulo exigiram ontem que a Wysling Gomes -a mesma empreiteira do Osasco Plaza- efetue reparos que ponham fim ao vazamento de gás, num condomínio com quase 5 mil moradores que ela construiu na zona sul.
O conjunto de 27 blocos e 972 apartamentos (estrada M'Boi Mirim, 2.298) foi entregue em abril de 1994 e, desde então, seus moradores se queixam de um cheiro forte e intermitente de gás.
A empreiteira, por uma das cláusulas do contrato de venda, é responsável durante cinco anos pelos defeitos de construção.
Ela contratou, em maio último, uma empresa especializada em canalização, a Falcão Bauer, que realizou reparos ainda julgados insuficientes.
"Minha filha, de seis meses, está com problema de respiração por causa desse cheiro que não acaba mais", diz Albertina Silva, 30. "A gente fica com medo de explosão e só tem usado o forno de microondas", diz, por sua vez, Fabiana Gonçalves Leal, 20.
Medo
João Laércio de Souza Menezes, 33, diz sentir com frequência cheiro de gás e temer que o combustível (cada edifício tem estocados 20 botijões de 25 litros) tenha se armazenado, durante os vazamentos, em caixas de concreto dos andares térreos, localizadas debaixo dos primeiros degraus das escadas.
O zelador do condomínio, Moisés Fernandes, 29, não acredita na hipótese. Segundo ele, os reparos feitos a partir do ano passado e concluídos pelos técnicos da Falcão Bauer afastaram qualquer risco de vazamento.
O cheiro de gás, no entanto, persiste, diz a proprietária dos apartamentos 1 e 2 do bloco 26. Um deles, desocupado e sem qualquer fogão instalado, não teria em princípio qualquer razão técnica para manter em seu interior o odor de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) -mas tem.
Uma das moradoras, Maria dos Reis, 34, do bloco 4, diz que, no que lhe diz respeito, os vazamentos já terminaram.
Depoimento parecido vem de Irani Campos Dutra, 32. Ela trabalha fora no período da manhã e diz que, antes dos reparos na canalização, temia pela segurança das filhas que deixa em casa. O perigo, para ela, já passou.
Segundo ela, um inconveniente secundário foi o de precisar instalar nas cozinhas, minúsculas, botijões individuais que substituíram, durante os reparos na rede canalizada, o gás fornecido pelos botijões coletivos.
Não é o que pensa, porém, Sueli Aparecida de Oliveira, 34. Ela continua a sentir o cheiro de vazamento e atribui à imperícia da construtora o incômodo de náuseas e dores de cabeça.
Outro lado
Um representante da Wysling Gomes, que se apresentou como José Elito e disse ser supervisor de instalações, afirmou que todas as providências foram tomadas pela empreiteira para afastar do condomínio qualquer risco de acidente.
Mas, convidado a se identificar, ele se recusou a mostrar documentos e disse que só falaria na presença de seus advogados.

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