São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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CEF prepara crédito para a classe média

DO ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CEF (Caixa Econômica Federal) vai criar uma linha de crédito própria para financiar a construção da casa própria para a classe média (quem ganha acima de 20 mínimos, ou R$ 2.240 por mês).
As regras serão diferentes das praticadas no SFH. Os técnicos vão criar um produto próprio que será oferecido a partir do segundo semestre, com base em recursos internos e também externos.
O presidente da CEF, Sérgio Cutolo, calcula que pode aplicar ainda neste ano 60% dos R$ 4,1 bilhões do FGTS em habitação, em programas que atendem a faixas de renda mais baixa.
Cutolo está desde ontem em Istambul, para acompanhar o encerramento da Habitat 2, a Conferência de Assentamentos Humanos promovida pela ONU.
As taxas de juros do programa para a classe média, ainda em estudo, serão inferiores às fixadas pelo mercado, que chegam até 20% ao ano, mais TR.
No SFH, os bancos emprestam a 12% com recursos da poupança, considerados insuficientes.
A intenção da CEF é financiar até 50% do valor do imóvel. O prazo para pagamento também será inferior ao do SFH. O prazo deve variar entre 10 e 15 anos.
Mais recursos
Boa parte dos recursos colocados à disposição da classe média será captada no mercado externo, por meio do BNDES.
A CEF também vai utilizar recursos próprios porque, após a crise bancária, captou mais recursos. Isso aconteceu porque a Caixa é uma instituição do governo.
Depois da intervenção do Banco Central no banco Econômico, a CEF chegou a emprestar R$ 8,5 bilhões para outros bancos no over.
Prestações defasadas
Cutolo disse que, em tese, a Caixa poderia financiar a construção de 500 mil habitações ao ano para a população de baixa renda. "Isso seria um bom programa habitacional em qualquer lugar do planeta", disse.
Mas, para isso, afirmou, precisaria resolver os problemas de contratos antigos que não dão retorno financeiro.
Segundo ele, dos cerca de 2 milhões de contratos da Caixa com cláusula de equivalência salarial, cerca de 1,2 milhão estão com amortização negativa (não pagam nem sequer os juros).
"A Caixa tem mais de 400 mil contratos com prestação inferior a R$ 50. Desses, 160 mil são com prestação inferior a R$ 10", disse.

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