São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Governo federal quer facilitar socorro financeiro a bancos

Juros cobrados pelo Banco Central devem cair no final do mês

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pretende facilitar os empréstimos do Banco Central aos bancos pela sexta vez, desde o lançamento do Plano Real (em julho de 1994).
Esses empréstimos são feitos por meio de uma operação chamada redesconto -ou assistência financeira de liquidez.
Os bancos que recorrem a este tipo de empréstimo do BC passam a ser mal vistos pelo resto do mercado.
Os juros da operação variam hoje de 5% a 12% ao ano, variando conforme o volume envolvido na operação, mais a taxa média dos títulos públicos.
As taxas cobradas no redesconto deverão ser reduzidas na próxima reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), prevista para acontecer no final deste mês.
Fazem parte do CMN, os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Antonio Kandir (Planejamento) e ainda o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
Procura grande
Levantamento realizado pelo BC mostra que, entre março e abril últimos, houve grande procura pelo redesconto.
Segundo a argumentação preparada pela equipe econômica, a redução dos juros servirá para tirar o estigma que pesa sobre os bancos que recorrem ao redesconto.
Isso significa que, com taxas menores, a operação deixará de ser encarada como um recurso extremo utilizado por bancos sem dinheiro em caixa no final do dia.
Tese antiga
A mesma tese foi empregada em julho de 1994, quando o Conselho Monetário Nacional iniciou uma série de modificações no redesconto, reduzindo juros e ampliando prazos.
Na época, o então presidente do BC e hoje ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse que o objetivo era "descriminalizar" o redesconto.
Até o lançamento do plano de estabilização, os empréstimos de assistência financeira eram feitos com prazo de um dia. Os juros variavam entre 21% e 25% ao ano, mais a taxa dos títulos públicos federais.
Logo no primeiro mês da nova moeda, o CMN decidiu que os juros cairiam pela metade: as taxas passaram a variar entre 10% e 12% anuais acima da taxa dos títulos públicos.
Bancos pequenos
O CMN também criou duas linhas especiais de redesconto voltadas para bancos pequenos, os primeiros a sofrer os efeitos da queda da inflação e do aumento do recolhimento dos compulsórios.
As linhas foram criadas com prazos de cinco e 15 dias, juros de 6% ao ano -sempre acima das taxas dos títulos públicos- e empréstimos máximos de R$ 10 milhões. Depois, em setembro de 1995, os juros caíram para 5%.
Ainda em 1994, foi criada uma terceira linha, sem limite de empréstimo, com prazo de 90 dias e juros anuais de 6%.

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