São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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O novo papel do BNDES

LUÍS NASSIF

Como antecipou o "Jornal do Brasil" de ontem, o BNDES prepara-se para ser o Eximbank brasileiro -o organismo incumbido de financiar as exportações.
Trata-se de papel decisivo na nova fase da economia brasileira. A ausência de financiamentos de longo prazo constitui-se, hoje em dia, na principal fragilidade das exportações brasileiras.
O simples diferencial de juros -entre os financiamentos para a exportação dos exportadores estrangeiros e o custo do dinheiro do exportador nacional- significava aumento relevante no preço do produto nacional.
No início, serão atendidos os setores de confecções, autopeças, móveis, rochas ornamentais acabadas (o Brasil possui 10% do mercado mundial de mármore e granito) e calçados.
Bens de capital e produtos de ciclo mais longo já podem contar com o Finamex.
Gradativamente, o BNDES começa a encontrar sua vocação. Nos anos 50, o banco foi o grande financiador da infra-estrutura nacional.
A partir dos anos 60, adaptou-se ao novo ciclo de desenvolvimento e passou a financiar os investimentos privados.
Nos anos 80, ajudou a identificar o novo ciclo de desenvolvimento da economia -a chamada integração competitiva- dentro do processo de globalização econômica. Depois, perdeu o rumo.
Com as mudanças em curso, finalmente começa a encontrar seu caminho dentro do novo modelo.
Antecipando
Da coluna de 25 de agosto de 1995, sob o título "O BNDES vendo a banda passar":
"Principal instrumento financeiro dos investimentos públicos e privados desde os anos 50, o BNDES chega sem rumo ao limiar da terceira onda desenvolvimentista. (...)
"A grande carência atual no país é a de um organismo que financie as exportações -fator essencial dentro de um esquema de comércio exterior competitivo. (...) O banco deveria se ocupar em atrair recursos externos, de organismos multilaterais e instituições financeiras internacionais, para alavancar sua posição de Eximbank brasileiro".
Mindlin
O empresário José Mindlin, da Metal Leve, entra em contato para comentar a coluna de ontem, na qual se analisava o papel da empresa no desenvolvimento brasileiro e a inevitabilidade de acabar com estruturas familiares no controle dos grupos nacionais:
"A análise está correta. O mundo está mudando. Telefonaram-me perguntando se o governo não poderia ter tomado medidas que evitassem a venda de nossa empresa.
"Não vejo como. O mundo mudou, a globalização é irreversível. O país não pode ficar de fora. Para o país, a Metal Leve continuar e crescer é importante, independentemente de quem seja o controlador.
"Tenho a sensação de que o trabalho que a gente fez valeu. Tivemos um papel na industrialização brasileira. Mas começa uma nova época, que a gente não sabe para onde vai".
Um grande homem público não necessita de cargos oficiais para desempenhar sua vocação.
Dornbusch
Razão tem o deputado Delfim Netto. A íntegra do artigo de Rudiger Dornbusch na revista "Business Week" -sobre o câmbio brasileiro- é bastante sensata e em nada sugere o tom escandaloso conferido às suas declarações pelo "Washington Post".

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