São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
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Discursos

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

FHC descobriu o otimismo como discurso na campanha eleitoral. Era ele o "sim", contra o "não" de Lula.
Segundo ano de governo e ele ainda "critica os catastrofistas", os pessimistas, como diziam as manchetes de ontem.
Uma declaração de FHC, também ontem:
- Tem que torcer a favor do Brasil. Torcer contra não dá.
Lembra a Copa de 94, um paralelo que, aliás, foi explorado pela campanha do presidenciável tucano.
Lembra mais, agora que FHC é presidente, está no poder: o "ame-o ou deixe-o" do regime militar, depois da Copa de 70.
Mas o ano é de eleição, e o discurso, também.
São todos "discursos", inclusive o do presidente, cujo otimismo publicitário já contaminou ao menos um ministro, Pedro Malan.
O ministro da Fazenda, à sua moda, atacou os "catastrofistas" lembrando a taxa de juros:
- Caiu. Caiu de 4,26% para 1,9% e algo. E eu acho estranho que o discurso continue exatamente o mesmo. É importante pelo menos tentar adaptar o discurso.
Em seu "discurso", ele se referia ao "discurso" de quem, como diz o chefe, torce contra.
*
Advogados. A vocação mais mal compreendida na história da literatura, o alvo predileto de Shakespeare, tomou conta da tragédia de Osasco.
O perigo de uma indenização alta fez surgirem na televisão advogados de todo lado. Um deles dizia, ontem na Bandeirantes:
- O projeto que foi entregue, aprovado pelo poder público, é diferente do que estamos vendo. Portanto, dá para se concluir que deve ter havido uma instalação suplementar após a entrega da obra.
As curvas e dúvidas da defesa: o que foi "aprovado", o "projeto" ou a "obra"? "Dá para se concluir" ou "conclui-se"? "Deve ter havido" ou "houve"?
É só o começo.

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