São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
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Órgão federal superaplicou no Econômico

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, aplicou quantidade anormal de dinheiro no Banco Econômico. As aplicações foram feitas quando o Banco Central já sabia da crise do banco.
O IRB funciona como um banco central do mercado de seguros e movimenta R$ 1,1 bilhão em aplicações no país e no exterior.
Segundo documentos obtidos pela Folha, o IRB tinha US$ 95 milhões depositados na agência do Econômico em Nova York -valores totalizados no fim de 95.
Concentração
Bancos privados de grande porte como Bamerindus, Unibanco e Real, juntos, receberam US$ 72 milhões das aplicações externas do IRB (US$ 550 milhões).
O próprio presidente do IRB, Demóstenes Madureira de Pinho, não sabe explicar a concentração de aplicações no Econômico.
"Essa concentração de risco foi uma opção do então diretor financeiro, Ivan Motta Lagrotta, que na época das aplicações tinha total autonomia no direcionamento dos recursos", diz.
As aplicações do IRB no Econômico foram feitas entre julho de 94 e março do ano passado.
O Econômico passou a depender do socorro diário do BC em dezembro de 94.
Demóstenes Madureira de Pinho já presidia o órgão quando as aplicações foram feitas. Lagrotta, que hoje ocupa o cargo de diretor administrativo, está no exterior e não pôde ser ouvido.
Segundo o presidente do IRB, as aplicações no Econômico foram "uma operação que não deu certo, mas que estava dentro dos limites autorizados na época".
O IRB é o segundo caso de entidade sob o controle governamental com concentração anormal de investimentos no Econômico.
Os três maiores fundos de pensão do país, controlados por estatais, tinham R$ 183,5 milhões aplicados no banco em fevereiro.
O Econômico era o banco privado que mais havia recebido depósitos dos três fundos.
As aplicações do IRB não foram assumidas pelo Banco Excel, que absorveu o Econômico em abril.
O presidente do IRB esteve no Congresso na terça-feira, falando na Comissão Especial do Sistema Financeiro. Foi inquirido pelo deputado Luiz Gushiken (PT-SP) sobre as aplicações externas do IRB.
Para Gushiken, o lucro do IRB seria maior se as aplicações fossem feitas no Brasil, onde os juros são mais altos.

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