São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
Próximo Texto | Índice

Promotor pede ação contra shopping

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Estadual vai pedir abertura de ação civil pública contra os donos do Osasco Plaza Shopping (Grande São Paulo).
O objetivo é obrigar o shopping a indenizar as vítimas da explosão que matou 39 e feriu 472 pessoas na terça-feira. A justificativa é de que o shopping não ofereceu segurança aos consumidores.
A administração do shopping afirma que só vai se pronunciar após ser comunicada oficialmente sobre os inquéritos (leia abaixo).
O pedido será baseado no Código de Defesa do Consumidor e num pedido de abertura de inquérito civil feito ontem pelas promotoras Ana Lúcia Arrochela Lobo e Fernanda Leão de Almeida.
A ação pública deverá ser proposta pelo promotor José Geraldo Filomeno, coordenador do Centro de Apoio de Defesa do Consumidor. Os valores das indenizações serão estipulados pela Justiça.
Criminal
A ação civil do Ministério Público é a segunda apuração aberta devido ao acidente no Osasco Plaza.
A polícia espera a conclusão dos laudos do IC (Instituto de Criminalística de Osasco) para acusar os responsáveis pela explosão de homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
Os peritos do IC trabalham com a hipótese de negligência para o caso. Segundo o delegado Flávio Augusto de Souza Nogueira, da Delegacia Seccional de Osasco, na próxima semana serão ouvidos os feridos, os funcionários e lojistas do Osasco Plaza. Nogueira é o responsável pelo inquérito criminal.
Ontem, o delegado se reuniu com quatro promotores para definir estratégias para a investigação.
Perícia
Os peritos do IC descobriram ontem que não havia entrada para o maior parte das caixas que dividiam o subsolo do shopping.
Através das caixas (vão entre o solo e o piso de cerca de 60 centímetros de altura) passava a tubulação de gás.
"Caso fosse necessário fazer um conserto na rede seria preciso quebrar o piso e a laje de concreto armado", afirmou Ronaldo Egídio dos Santos, chefe do IC de Osasco.
Os peritos estão analisando as plantas do subsolo para saber com exatidão em quantas das caixas o gás se espalhou.
Os peritos também encontraram uma instalação de gás feita quase no término da obra que não parte da tubulação principal.
Essa instalação abasteceria a lanchonete Jig's. Como ela corre embaixo da calçada em frente ao shopping, os peritos descartaram que nela tivesse saído o vazamento causador da explosão.
Durante a tarde, os peritos recolheram novas amostras do ar e da terra do subsolo. Eles também retiraram novas amostras da tubulação de gás para analisar vedações e soldas.

Próximo Texto: Como ocorreu a explosão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.