São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
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Gás subterrâneo não constava da planta

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A comissão de sindicância que apura as causas da tragédia do Osasco Plaza Shopping já constatou que a planta do prédio não previa a montagem da tubulação de gás subterrânea.
Formada por representantes da prefeitura, Ministério Público, sindicalistas, vereadores, OAB e Crea (Conselho Regional de Engenharia), a comissão reuniu ontem parte da documentação da obra.
O grupo colabora com as apurações conduzidas pelo IC (Instituto de Criminalística) de Osasco e IPC (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo).
Para assessores da Prefeitura de Osasco, o registro da tubulação como parte do projeto do prédio não seria obrigatório quando a planta foi aprovada.
A documentação oficial também não inclui, segundo a comissão de sindicância, projeto complementar sobre a possibilidade de montagem da tubulação subterrânea.
O diretor do DPU (Departamento de Planejamento Urbano) de Osasco, Angelo Melli, disse que a entrega desse projeto é facultativa. "A empreiteira pode deixar de cumprir essa etapa", afirmou.
Na avaliação dos assessores da prefeitura, a responsabilidade sobre a montagem dos tubos de gás é inteiramente da empreiteira e dos profissionais que a planejaram.
Na reunião do grupo que realiza a sindicância, foi cobrado que a prefeitura mostrasse todos os documentos sobre o shopping.
"São muitas perguntas sem respostas e documentos ainda nas gavetas", disse o vereador Emídio Pereira (PT). A análise do prefeito Celso Giglio (PTB) é diferente: "Montamos a comissão e nossa meta é a transparência até o fim".
Depoimento
A comissão de sindicância ouviu ontem o primeiro depoimento que reforça a tese de que era mais do que conhecido o problema do vazamento de gás.
Valdeir Lacerda Abel, representante da empresa Copagás, informou que a administração do shopping havia solicitado uma visita técnica para avaliar o problema reclamado pelos clientes.
"Estive lá (no shopping) na segunda-feira, véspera do acidente, por volta das 11 horas", disse Abel, em seu depoimento. "Quando pensamos em mandar os técnicos para tentar resolver o caso, a explosão já havia acontecido."
Foram encontrados, segundo a comissão, buracos escavados no piso do prédio. O representante da Copagás também falou, em seu depoimento, sobre as escavações.
Os administradores do shopping e diretores da empreiteira Wysling Gomes serão ouvidos na próxima semana pela comissão de sindicância.

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