São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
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Shopping diz querer acidente 'bem esclarecido'

DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do Osasco Plaza Shopping informou ontem que não vai se manifestar sobre os pedidos de abertura de inquéritos civis e criminais por causa da tragédia ocorrida na última terça-feira.
O superintendente do shopping, Davi Rocha, declarou que ninguém "poderia prever o acidente" e que o shopping cumpria "todas as normas de segurança" exigidas pela legislação.
"Não estamos nos isentando de responsabilidades. Apenas queremos que tudo seja muito bem esclarecido antes de fazer qualquer pronunciamento", declarou.
Rocha disse considerar que o acidente que matou 39 pessoas (até as 20h de ontem) e feriu 472 foi uma "fatalidade".
O superintendente afirmou ainda que a direção pediu vistoria técnica da BRR, gerenciadora da obra, assim que surgiram as primeiras reclamações de funcionários e consumidores sobre um "forte cheiro" de gás no local.
O superintendente disse que, além dessa, o gerente operacional do Osasco Plaza, engenheiro Antonio Fernandes, também fez uma vistoria paralela.
Apesar disso, diz Rocha, o "cheiro forte" teria sido sentido nos corredores próximos à entrada principal, no portão A: ou seja, do lado oposto aonde ocorreram as explosões.
Nada foi constatado nessas vistorias, informou.
A maior parte da construção do Osasco Plaza Shopping ficou a cargo da Wysling Construtora. Quem gerenciou a obra foi a Wysling Construtora.
Diz-que-diz-que
A advogada da BRR, Mary Livingston, diz que a BRR "não executou nada, apenas assessorou os donos do shopping na escolha e contratação das empresas que o construíram -nove no total, segundo Livingston.
Ela disse não ter informações a respeito da vistoria solicitada pela direção do shopping devido ao mau cheiro.
A Wysling Construtora, por sua vez, alega ter cumprido integralmente o projeto que lhe foi entregue pela direção.
O advogado da construtora, Carlos Alberto Maluf Sanseverino, disse que "no local da explosão não existia nenhuma tubulação prevista no projeto original".
"Suspeitamos de que existisse alguma ligação clandestina, feita posteriormente à construção do prédio", disse.
"A construtora e o poder público não foram informados dessas instalações."
Essa informação foi reforçada ontem com a apresentação da planta do shopping pela Prefeitura de Osasco.
No projeto original, diz a prefeitura, não há tal sistema.
A administração do shopping nega a existência de qualquer ligação clandestina.
"Os donos do Osasco Plaza Shopping não são engenheiros. Por isso contrataram e pagaram muito bem a um a gerenciadora para que cuidasse do andamento da obra".

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