São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
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Mais selvageria

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O 'Painel do Leitor' está publicando cartas retratando outros dramas pessoais resultantes do processo de enxugamento de quadros promovido pelo Banco do Brasil, tema tratado neste espaço na quinta-feira.
São eloquentes o suficiente para dispensar comentários adicionais. Vale acrescentar, em todo o caso, relatos telefônicos vindos de Foz do Iguaçu (Paraná), dando conta da remoção para essa cidade de funcionários antes lotados em Estados do Nordeste.
Registre-se também a explicação do diretor de Recursos Humanos do BB, João Batista Camargo: "Visto de fora, o processo parece mesmo desumano, mas não temos outra saída".
É possível, mas é discutível. O ambiente de descontentamento que se cria com esse mecanismo tende a afetar o desempenho não apenas dos diretamente atingidos, mas de todos os que com eles conviviam, nos antigos locais de trabalho, e dos que passam a trabalhar com eles, nos novos postos.
O normal é que transmitam a insegurança que sentem para os que não foram atingidos, posto que se tornam evidências físicas palpáveis de que todos estão sujeitos a idêntico trauma.
Para fechar o círculo, reproduzo correspondência da Direp (a Diretoria de Representação e Participação dos funcionários do Banespa no comando da instituição).
Diz o texto, assinado por Oliver Simioni, o diretor, que o Banespa começa a trilhar caminho idêntico ao do BB. Acrescenta: "A truculência das medidas adotadas possivelmente contribuirá para uma paralisia do banco, com desmotivação de seus funcionários, e também para uma selvageria semelhante à que ocorre no Banco do Brasil".
Os representantes dos funcionários parecem ter razão ao considerar inoportuno o momento para se abrir tal processo, dado que o Banespa está sob uma intervenção que se supõe prestes a terminar.

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