São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Obra foi executada por especialistas, diz advogado

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os proprietários do Osasco Plaza Shopping vão afirmar à Justiça que não são os responsáveis pelo acidente da última terça-feira, que matou 40 pessoas e feriu 472.
A estratégia da defesa foi antecipada ontem à Folha pelo advogado da empresa na área criminal, Arnaldo Malheiros Filho.
Segundo ele, nenhum dos sócios-proprietários do Osasco Plaza Shopping (15, ao todo) pode ser culpado pelo acidente.
Malheiros Filhos afirma que, se for provado que havia problemas na construção do prédio ou no sistema de gás, essa culpa é da construtora que executou a obra -no caso, a Wysling Gomes.
A partir de hoje, a polícia de Osasco vai ouvir testemunhas e acusados pelo acidente.
"A B7 contratou as melhores e mais caras empresas do mercado para fazer a obra. Ela não é uma empresa de engenharia e não pode ser responsabilizada por eventuais falhas de construção", disse Malheiros Filho, 45.
Investigação
O motivo da explosão de gás sob o piso do shopping ainda não foi esclarecido. A causa só poderá ser definida pela polícia técnica.
Até agora, as investigações apontam para problemas na construção e negligência do shopping, que saberia dos vazamentos de gás, mas não tomou medidas de segurança.
O shopping foi construído pela Wysling Gomes e o gerenciamento da obra (contratação de empresas) ficou a cargo da empresa BRR. Ambas também informam não ter culpa (leia texto ao lado).
Malheiros Filho afirmou que sua estratégia jurídica será apresentada "independentemente das conclusões do laudo oficial da perícia a respeito da explosão".
O laudo vai ser apresentado pela polícia nos próximos 30 dias.
"A administração e o funcionamento do shopping -estas sim, as funções da B7- seguiam todas as normas de segurança", disse.
Para Malheiros Filho, o pedido de abertura de uma ação pública baseada no Código de Defesa do Consumidor, é uma "aberração".
"O pedido baseia-se na afirmação de que o local não ofereceu segurança. Mas o código fala em segurança de produtos, não de locais. O pedido é absurdo", disse Malheiros Filho.
Indenizações
No entanto, ele admite que as famílias dos mortos e os feridos poderão ter direito a indenizações, baseados em ações individuais.
"Nesse caso", disse o advogado, "resta saber quem irá pagar eventuais indenizações. Não estou excluindo a B7 de uma eventual responsabilidade".
O superintendente do Osasco Plaza, David Rocha, afirmou ontem que a B7 começa a estudar a partir de hoje uma estratégia publicitária para "reconquistar a confiança" dos consumidores.
"Vamos investir em segurança, mais do que antes, e transformar o Osasco Plaza num dos shoppings mais seguros do mundo", disse.
Rocha não informou quanto será investido.

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