São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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'Cerqueira queria especular', diz intermediário

FREDERICO VASCONCELOS
DO EDITOR DO PAINEL S/A

"O franchising é uma operação de risco. Paulo Cerqueira não pode torcer a realidade e dizer que não sabia disso", diz Hugo Crespi Jr., diretor da Franchise Associados.
Crespi Jr. questiona a expectativa que Cerqueira tinha ao entrar no negócio: "Será que ele foi induzido a acreditar que era uma caderneta de poupança premiada?"
A Franchise Associados se apresenta como empresa que dá consultoria e assessoria comercial. Faz a pré-seleção de franqueados, avalia os candidatos e divulga os empreendimentos. Crespi Jr. diz que a busca feita por Cerqueira na Junta Comercial pesquisou o nome de fantasia, mas que a denominação da sociedade é Franchise Consultores Associados Ltda.
Segundo Crespi Jr., "Cerqueira se candidatou como operador para conduzir o negócio. Tinha obrigação de coletar o dinheiro (dos sócios) e fazer os pagamentos, além de contratar os serviços".
"Às vésperas da abertura do shopping, ele nada tinha feito. Outros dois sócios assumiram a operação", diz Crespi Jr.
Ele diz que "o shopping inicialmente não deu resultados, e uma das duas lojas passou a ter custos de condomínio muito altos".
"Cerqueira queria vender a parte dele, queria ter lucro extraordinário. Ele tentou fazer especulação em um empreendimento de risco", afirma.
Crespi Jr. diz ter informações de que "a loja dá prejuízo e os sócios estão perdendo dinheiro". Segundo ele, o índice médio de negócios que não dão certo é de 5% a 7%.
Embora a Franchise Associados distribua catálogos e folhetos com as marcas Mister Sheik e Kilo Chic, Crespi Jr. diz que não trabalha mais com essas marcas nem com a Wilsol. "Não fizeram um trabalho profissional", comenta, sem entrar em detalhes.
'Na marra'
O advogado de Wilson Gomes, Eduardo Victorello, diz que Cerqueira "é um encrenqueiro, que usa o processo judicial para forçar, na marra, uma solução". Segundo ele, Cerqueira "não se empenhou; pretende apenas receber sem trabalhar, não correr riscos".
Victorello também é advogado dos sócios de Cerqueira na cooperativa, réus na área cível. Ele diz que Wilson Gomes é sócio de Sérgio Della Crocci em outras lojas.
Para Victorello, Cerqueira "não se adaptou à sociedade, não contribuiu e pôde constatar que, infelizmente, em face da atual recessão, os negócios não correm bem".
Ele entende que Cerqueira "não tem legitimidade para exigir prestação de contas, nem os réus têm obrigação de prestá-las". O advogado alega que, "de acordo com a jurisprudência, são incompatíveis os pedidos de rescisão contratual e de prestação de contas".
Victorello diz ter todos os documentos e alega que sua fase de provas "ainda não ocorreu".
Sérgio Della Crocci, Wilson Gomes e três sócios de Cerqueira -Christian Ludewigs, Darío Pereyra e Marcus Meira- foram procurados pela Folha e não quiseram se manifestar.
(FV)

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