São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Desorganização no futebol custa caro a clubes

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de organização do futebol dificulta a venda dos direitos de TV no Brasil. Essa é a opinião de dois especialistas em marketing esportivo ouvidos pela Folha.
"Há muito amadorismo no futebol brasileiro. O problema principal é a falta de um calendário com regras de mercado", afirmou João Areias, da SportLink.
Segundo ele, um campeonato deve atender aos interesses do público, que quer bons espetáculos, e dos anunciantes, que quer saber quando e quanto vai estar no ar. Os torneios atualmente não satisfazem nenhum desses interesses.
"O futebol deveria ganhar muito mais. Há potencial para arrecadar uns US$ 120 milhões com TV. O Brasil está entre os dez maiores mercados de publicidade do mundo. Não pode faturar menos que na Argentina", disse.
Os três principais torneios do país -o Brasileiro, a Copa do Brasil e o Paulista- rendem US$ 24 milhões por ano em direitos de TV. Os dois principais torneios argentinos rendem US$ 40 milhões.
Outro fator que atrapalha é a falta de integração de marketing. "Uma empresa compra uma cota de patrocínio do futebol e vê sua concorrente com placas nos estádios, pagando muito menos."
Helio Viana, da Pelé Sports e Marketing, também culpa a falta de um calendário apropriado e a desorganização no futebol pelo baixo valor dos direitos de TV.
"A desorganização afasta as grandes companhias do mercado. A Fórmula 1, que tem um plano de mídia, fatura o mesmo que o futebol no Brasil", disse Viana.
Para ele, um campeonato preparado com antecipação permitiria um bom trabalho das TVs junto às empresas, que teriam tempo para planejar seu programa de mídia.
A tabela e o regulamento do próximo Brasileiro, que começa em agosto, só serão divulgados em julho. O Italiano, que começa em setembro, já tem tabela e regulamento prontos há dez dias.
"Essa organização os argentinos também já têm. Isso responde pelo salto de qualidade na arrecadação", afirmou Viana. Ele avalia que o futebol brasileiro poderia arrecadar pelo menos quatro vezes.
Tanto Areias como Viana defenderam a redução dos campeonatos estaduais e o aumento do período de disputa do Brasileiro.

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