São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996 |
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Gênio difícil enriquece o anedotário
JOÃO BATISTA NATALI
A soprano fez de sua reputação de pessoa difícil e odiável um curioso instrumento de promoção. Em pouco inovou. O tenor Luciano Pavarotti, 60, há pouco mais de 20 anos contratou guarda-costas que desciam o cacete em pacatos fãs, como forma de insinuar que era assediado com violência. Nunca se falou tanto em Kathleen Battle quanto a 7 de fevereiro de 1994: o Met rescindiu seu contrato de 17 anos. Ela era indisciplinada nos ensaios e grosseira com os maestros e diretores cênicos. Certa vez, pediu pelo celular que seu empresário, em Nova York, desse ao motorista de sua limusine, em Genebra, instruções ao telefone que ela, por excentricidade, preferia não dar. É um episódio que, contado em outras versões, incorporou-se a seu anedotário. É bem verdade que não cometeu nenhuma gafe no início da carreira. Na época, perderia o emprego. Uma indicação de que o mau-caratismo que ela demonstra não é tão "natural" está num documentário recentemente transmitido pelo GNT, canal de TV paga. Kathleen Battle visita a cidadezinha de Ohio em que nasceu. Em entrevistas, seus familiares e amigos de infância transmitem a idéia de que ela sempre foi uma garota responsável, afável e doce. É bem possível, no entanto, que o próprio documentário tenha sido o produto de uma operação deliberadamente destinada a reverter a má reputação da cantora. Uma coisa, de qualquer modo, é certa: de Kathleen Battle não é o caráter que se consome. É a voz. E esta é de uma delicadeza madura, de uma beleza estupenda. (JBN) Texto Anterior: Battle traz hoje sua voz delicada a SP Próximo Texto: Festival de Marselha dá vez a documentaristas Índice |
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