São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996
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Cerqueira diz que repressão ao bicho contém homicídio no Rio

Para secretário, bicheiros 'cometem outros crimes'

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário da Segurança Pública do Rio, Nilton Cerqueira, disse ontem que a súbita queda no número de homicídios no Estado -foram registrados quatro anteontem, contra a média de 18 diários- foi um "efeito colateral" da repressão ao jogo do bicho, desencadeada pela Polícia Civil no mesmo dia.
"Nossa população acha que o bicho é uma coisa inocente, mas nós da polícia temos certeza de que o bicho comete outros crimes", disse o secretário.
Cerqueira disse que, apesar de estar na secretaria há 13 meses, o combate ao bicho só começou semana passada porque antes havia outras prioridades a atacar: a corrupção policial e os sequestros.
Ele também atribuiu a queda a outros fatores, como o crescimento na apreensão de armas.
O chefe da Polícia Civil, delegado Hélio Luz, acha que o efeito da repressão ao bicho é indireto. "Não há bicho sem homicídios. Experimente abrir uma banquinha de bicho à revelia do banqueiro da área: no dia seguinte mandam você sair, e, se você não obedecer, o matam."
Ontem foram presos, no centro, 15 bicheiros. Segundo policiais, muitos apontadores estão se "camuflando" no comércio regular para escapar à prisão. Em Nilópolis, foram presas dez pessoas, com quem foram apreendidas 96 bolinhas de haxixe, segundo a polícia.
A repressão contra bicheiros começou na sexta-feira passada, depois que a juíza Denise Frossard, que condenou integrantes da cúpula do jogo ilegal à prisão por formação de bando armado, denunciou ter recebido ameaças de morte, supostamente de contraventores.

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