São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996
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Hillary Clinton é o eixo do caso Whitewater, diz CPI

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A comissão parlamentar de inquérito que investigou por 13 meses o caso Whitewater caracterizou em seu relatório final a primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, como o eixo do escândalo.
Mas nenhuma acusação formal de ilegalidades foi feita contra ela ou o presidente Bill Clinton.
Os senadores do Partido Democrata, do governo, que integraram a CPI rejeitaram as conclusões da maioria e divulgaram outro documento, no qual absolvem o casal Clinton de qualquer culpa no caso.
O relatório de 769 páginas foi encaminhado ao promotor independente do caso Whitewater, Kenneth Starr. Segundo o presidente da comissão, senador Alfonse D'Amato, caberá a Starr a iniciativa de indiciar alguém por crime.
O porta-voz da Casa Branca, sede do governo dos EUA, Mike McCurry, disse que nem o presidente nem a primeira-dama vão comentar o relatório da CPI.
"Fica muito clara a existência de indícios de que uma figura central -do Arkansas a Washington- esteve envolvida em todos esses negócios, e essa pessoa é Hillary Rodham Clinton", afirmou o senador Rod Grams, da oposição, integrante da CPI.
Apesar da retórica, a redação do relatório é cuidadosa para não acusar a primeira-dama: diz sempre que as evidências coletadas mostram a possibilidade de ela ter bloqueado as investigações do caso Whitewater e participado da ocultação de documentos solicitados pela Justiça.
Acusações mais específicas foram feitas contra assessores da primeira-dama e do presidente, como a chefe de gabinete de Hillary, Margaret Williams, e o ex-conselheiro jurídico da Casa Branca Bernard Nussbaum.
Outra CPI do Senado inicia hoje suas investigações do caso dos dossiês da polícia federal (FBI) requisitados sem justificativa legal pela Casa Branca.
Senadores da oposição disseram ontem que também nesse episódio a primeira-dama é a principal suspeita. O presidente Clinton admitiu que a solicitação de mais de 400 pastas do FBI foi irregular, mas a classificou de "erro honesto".
O chefe da divisão de segurança de pessoal da Casa Branca, Craig Livingstone, foi posto ontem em licença administrativa até o fim da apuração do caso das pastas do FBI. Livingstone foi a pessoa que fez o pedido dos dossiês, inclusive de líderes da oposição.
Em Little Rock, Arkansas, prosseguiu ontem a seleção dos jurados para o julgamento de Herby Branscun Jr. e Robert Hill, banqueiros acusados de terem participado de diversas operações financeiras irregulares com a campanha de Bill Clinton para o governo do Estado em 1990.
Branscun Jr. foi depois nomeado por Clinton diretor-geral das estradas de rodagem do Arkansas.
O presidente foi intimado a testemunhar em defesa dos réus. Seu depoimento será gravado em vídeo na Casa Branca e apresentado ao júri, como no caso de James e Susan McDougal e Jim Tucker, condenados no mês passado por diversas acusações de fraude.

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