São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
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Pacífico

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de liderar os sem-terra em Salvador, com invasão, com reféns, Vicentinho mudou de idéia e apareceu nas redes de televisão com terno e gravata, para entrevistas.
Com dramaticidade, o presidente da CUT rasgou para as câmeras um panfleto distribuído em São Paulo que prometia extrema violência para o dia da greve geral. E garantiu:
- O movimento é vigoroso, porém é pacífico.
Ao seu lado, o presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, ecoava:
- Nós vamos fazer um grande movimento cívico, pacífico.
Assim a greve geral não promete. Foi só FHC falar em Exército, diante da escalada dos sem-terra, para os dois líderes grevistas falarem em civismo, em paz -como se não soubessem com o que estão lidando.
Por falar em FHC, ele segue no movimento de reação. Ontem divulgou, via Antonio Kandir, um investimento de bilhões em habitação, "para combater o desemprego", a bandeira maior da greve.
E aproveitou a cerimônia para questionar os grevistas:
- Não é com greve que se resolve a criação de postos de trabalho. É com trabalho.
Mas até ele, o presidente, estava mais contido ontem, depois da histeria do dia anterior.
*
A gestão Paulo Maluf é tão agressiva em publicidade que mais parece obra de ficção. Gasta, investe tanto que já tem filme inscrito no festival publicitário de Cannes.
E já não se distingue entre o que é campanha de Celso Pitta e o que é propaganda da Prefeitura de São Paulo. Foi o caso, ontem, de um comercial pago pela Cohab, por impostos, com passagens como:
- ... ação judicial de um vereador do PT, movido por interesses políticos e pessoais, impediu a retomada, não permitindo que os moradores do prédio onde ocorreu o incêndio pudessem estar em segurança...

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