São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996 |
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Especialista aponta risco terrorista em Atlanta
ANDRÉ FONTENELLE
A norte-americana Yeudith Barsky, analista da Liga Antidifamação, organização judaica que combate todas as formas de preconceito, está assessorando a organização dos Jogos Olímpicos. Ela também dá consultoria ao FBI, a polícia federal dos EUA. Barsky está em São Paulo para um seminário sobre anti-semitismo na América Latina, encerrado na terça-feira passada. "Haverá uma convergência inacreditável de pessoas de todos os países. Isso faz dos Jogos um alvo prioritário." Outro fator de risco é uma coincidência de datas. O suposto líder do Hamas Musa Abu Marzuk está para ser extraditado para os EUA, e o julgamento de Ramzi Iusef, acusado por vários atentados a alvos norte-americanos, estará provavelmente em andamento durante os Jogos. "Não é impossível. É um desafio. Hoje temos um novo tipo de terrorista, menos comum, que opera de forma independente. Às vezes, nunca se ouviu falar dele, o que torna difícil acompanhá-lo." Barsky estudou as falhas no sistema de segurança que levaram ao atentado dos Jogos de Munique, em 1972, em que morreram 11 atletas israelenses. "Comparando o que aconteceu em Munique e o que pode acontecer, Deus permita que não, em Atlanta, haverá dez vezes mais cobertura", avalia. Em 72, um dos terroristas tinha a planta da Vila Olímpica, com a localização exata da delegação, enquanto outros se infiltraram de forma simples: pulando o muro. "O que aprendemos de 72 é que, infelizmente, nem todas as pessoas aceitam o espírito olímpico." Barsky dá um conselho ao Rio, para o caso de a cidade obter o direito de abrigar os Jogos de 2004. "É preciso vigiar a construção de estádios da base ao topo. Um operário pode instalar uma bomba anos antes da explosão." Ela lembra, ainda, que o Brasil é um país atraente para terroristas, pela liberdade interior. Suspeita-se que membros do Hizbollah (grupo islâmico ligado ao Irã) infiltrados no Brasil já agiram em atentados na Argentina. "Há pessoas que podem se aproveitar da hospitalidade e do fato de poderem viajar aonde quiserem, o que não podem fazer no Oriente Médio." (AFt) Texto Anterior: FHC quer uma 'brechinha' na agenda para ir à Olimpíada Próximo Texto: Cruzeiro, campeão, vai à Libertadores Índice |
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