São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Netanyahu quer ministros 'escravos'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, fez ontem a primeira reunião com seu gabinete e pediu aos ministros que trabalhem "como escravos". "Vocês acham que eu estou dando posse a vocês? Estou dando a escravidão", disse.
Netanyahu parece disposto a seguir a orientação: ele acumula o cargo de premiê e os ministérios da Habitação e de Assuntos Religiosos. Anteontem, chegou a indicar a si mesmo como chanceler, mas conseguiu contornar uma crise na sua coalizão e convencer David Levy a aceitar o cargo.
A manobra, ao invés de revelar um Netanyahu conciliador, repercutiu mal em Israel. A maioria dos jornais do país condenou as negociações em torno do gabinete.
"Netanyahu causou uma crise interna no Likud, o que fez seus primeiros passos no governo parecerem desanimadores", afirmou o "Jerusalem Post", jornal em inglês simpático à coalizão de direita que tomou posse há dois dias.
A crise começou quando "Bibi" Netanyahu, sob pressão dos políticos religiosos ortodoxos, excluiu o general Ariel Sharon do gabinete. Levy, que já estava confirmado no cargo de chanceler, desistiu em solidariedade a Sharon.
Netanyahu chegou a anunciar a si próprio no cargo, mas, antes da votação do gabinete no Parlamento, criou um ministério (Infra-estrutura Nacional) para Sharon. Levy recuou e assumiu o cargo.
Vitorioso no processo, Sharon passou a exigir mais poderes para seu ministério e ampliou a crise.
Ontem, membros do Likud diziam que ele já começou a se chocar com Rafael Eitan, nomeado ministro da Agricultura e Meio Ambiente. "Terão (os líderes da coalizão governista) de decidir quem está no governo: ele ou eu", disse Eitan sobre Sharon.
O primeiro dia do governo do Likud causou reação imediata entre os árabes. O Líbano disse que qualquer negociação com Israel deve ser baseada no princípio de "terra pela paz", ou seja, a devolução de territórios ocupados por Israel. Na sua posse, Netanyahu pediu negociações "sem precondições".
O grupo Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), radical, pediu "a unificação de todas as facções e o reerguimento da resistência e da Jihad (guerra santa) na nação contra a ocupação sionista".
O assassino confesso do premiê Yitzhak Rabin, Yigal Amir, foi expulso ontem da sala onde é julgado, em Tel Aviv, por ofender o juiz. "Você só ouve o que quer", teria dito. O irmão dele, Hagai Amir, que também está sendo julgado, admitiu ontem que fez uma falsa confissão porque aprovou o crime e planejava passar o resto da vida com Yigal na cadeia.

Texto Anterior: Para tchetchenos, Lebed aumenta chance de solução
Próximo Texto: UE e Londres estudam plano para acabar com a 'guerra da carne'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.