São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996 |
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'Viramos bode expiatório'
GEORGE ALONSO
É essa avaliação que faz a direção nacional do MST sobre os últimos atos do governo -entre eles, recorrer ao Exército e tratar os sem-terra como tema de segurança nacional. O MST estranhou, portanto, o pedido de trégua feito ontem por Raul Jungmann, há 54 dias ministro de Política Fundiária. "Trégua depende deles. Nós temos ouvido e memória. Queremos assentadas todas as famílias acampadas e as novas leis de desapropriação aprovadas. São pontos fundamentais", diz Gilmar Mauro, dirigente do MST, que tem reunião com o ministro no dia 27. Segundo o MST, já subiu para 40 mil o número de famílias acampadas no país. Para o MST, trata-se de uma ofensiva de FHC para tentar, por meio da mídia, destruir a entidade, "criando um clima de intranquilidade". "O governo quer desgastar a nossa imagem e o apoio que a reforma agrária tem tido na opinião pública", diz Mauro. O MST cobra, por exemplo, a indicação do novo superintendente do Incra na Bahia, pedida na última reunião com o ministro. "Demos prazo. Aí ocupamos. Nunca houve refém, e até hoje só há diretor interino." O uso do Exército é criticado e ironizado pelo MST. "É preocupante. Os militares estiveram 20 anos no poder, fizeram muita hora extra, mas não fizeram a reforma agrária". Para a entidade, sem o MST, a radicalização seria maior. "Muitas vezes, temos de segurar o pessoal. Acho que o presidente tem medo de governar com trabalhadores organizados", disse o dirigente. Texto Anterior: Trégua do MST ajudaria, diz Jungmann ao PFL Próximo Texto: Os ratos comeram Índice |
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